Cid gostava de caminhar, não importavam os obstáculos: se eram as ladeiras íngremes de Ouro Preto (MG), o sol de Anápolis (GO) ou o frio de Bagé (RS), na hora de ir do hotel para a sala de cinema o crítico sempre dispensava a van oferecida pelos festivais que organizava ou participava como jurado.
Era assim que apreendia as características dos lugares que visitava. Pelo olhar diferenciado, seja para para captar o entorno ou a qualidade de filmes, era considerado por muitos colegas como o maior crítico de curtas-metragens do país.
Jornalista, se intitulava como um crítico tardio –foi já maduro que começou com suas resenhas, no site Cinequanon. Também foi sócio fundador da Associação Brasileira de Críticos de Cinema.
Filho de imigrantes libaneses, Cid cresceu no bairro do Tatuapé, em São Paulo. Tinha uma relação estreita com a mãe, professora, que lhe ensinou a culinária árabe. Tornou-se um cozinheiro amador de repertório que ia da comida japonesa à italiana.
Além das qualidades pessoais de Cid (e de sua receita de esfirra de frango), o irmão José Maria lembra da devoção ao Corinthians –o dia do fim da fila, em 1977, é o primeiro que vem à memória. "E não era só Corinthians. Era um comentarista completo de esportes. Falava com propriedade até de vôlei."
Gostava de dias frios e chuvosos –como se sua alma estivesse sendo lavada, diz o irmão. E numa quarta-feira dessas que se foi, vitimado por um aneurisma.
Morreu no dia 16, aos 59. Deixa a companheira Marjorie, irmãos, sobrinhos e a cachorra Priscila.