Folha de S. Paulo


Tribunal diz que PM pode mexer em cena de crimes praticados por colega

Rodrigo Capote/Folhapress
Policiais militares cercam local onde carroceiro foi baleado na região de Pinheiros, zona oeste de SP
Policiais militares cercam local onde carroceiro foi baleado na região de Pinheiros, zona oeste de SP

Uma resolução do Tribunal de Justiça Militar de SP determina que policiais militares podem mexer na cena de crimes praticados por PMs contra civis.

O texto foi publicado dia 18, levantando crítica de especialistas e entidades de segurança pública.

De acordo com o texto, o policial que atender a ocorrência deverá apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relação dos crimes militares, como armas, cápsulas, documentos, e "deverá solicitar às repartições técnicas (perícia) e civis as pesquisas e exames para a apuração militar".

Segundo a presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de SP, Raquel Kobashi Gallinati, a resolução quer deslocar o que é de competência da Polícia Civil. "Por lei só quem pode apreender objetos de crime é o delegado de polícia após perícia. A resolução é temerosa para a sociedade".

Para o advogado e diretor da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP, Martin de Almeida Sampaio, diz que a decisão é inconstitucional. "Um desastre, uma licença para matar. Alguns policiais vão se sentir livres para fazer o que quiserem porque poderão alterar com o consentimento do Tribunal a cena do crime", diz.

A Secretaria da Segurança Pública analisa a resolução. O Tribunal de Justiça Militar não se pronunciou.


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