Folha de S. Paulo


Virgínia Bastos de Mattos (1915-2017)

Mortes: Dona Virgínia e sua paixão por camélia e poesia

A grande casa cor-de-rosa e o pé de camélia branca em sua frente eram xodós da moradora centenária Virgínia Bastos de Mattos, na cidade de Capivari, interior paulista.

Já dentro do imóvel a parte favorita dela era seguramente a seção de poesia da abarrotada biblioteca que encheu ao longo de décadas com o marido, Carlos Mattos.

Nascida em São Paulo, Virgínia chegou a Capivari nos anos 1940 após assumir um romance considerado adverso, já que Carlos era monge e ela sua aluna na Faculdade de Filosofia de São Bento.

Ele deixou a batina, e ela, os planos de voto de castidade, e iniciaram o casamento que durou mais de meio século.

No interior de SP, Virgínia cuidava da casa e dos filhos, mas também ajudava o marido nas traduções de francês e recitava poesias nos encontros que o casal promovia para amigos. Seu gosto poético também aparecia nas várias cartas que ela escrevia aos conhecidos. Caixas e mais caixas que filhos e netos guardam ainda hoje.

Com a morte do marido, em 1993, ela desabrochou um pouco mais. Começou a viajar e a escrever. Publicou um livro sobre o escritor capivariano Léo Vaz e outro sobre nomes de ruas de Capivari.

Tímida, de poucas palavras, Virgínia tinha passatempos curiosos, passados para toda a família, como buscar origem de palavras e genealogia de pessoas conhecidas.

Morando sozinha, continuou em sua casa cor-de-rosa, admirando as camélias, até o último dia 13, quando morreu aos 101 anos em decorrência de uma pneumonia. Deixa cinco filhos, dez netos e oito bisnetos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

-

Veja os anúncios de mortes
Veja os anúncios de missas


Endereço da página:

Links no texto: