Folha de S. Paulo


Curso sobre Harry Potter na Unicamp reúne fãs da saga com mais de 50 anos

O mundo do bruxinho Harry Potter não está mais restrito apenas aos livros, às telas de cinema ou ao teatro inglês. E tampouco é uma obra somente para crianças.

Um grupo de 65 pessoas com mais de 50 anos participou da primeira de 16 aulas sobre a saga criada pela escritora inglesa J. K. Rowling, na terça-feira, sobre o menino que vira órfão e depois descobre ser bruxo.

A oficina "Harry Potter: História, cultura e relações de gênero no mundo mágico de J. K. Rowling será ministrada até dezembro na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), sob o comando do professor de história Victor Menezes, 25.

"Fora do Brasil já tem estudiosos dessa obra de fenômeno estrondoso. Por aqui, estamos dando um dos primeiros passos", explica na aula.

Referências históricas são constantes na fantasiosa rotina em Hogwarts, escola de magia e bruxaria da série.

"A autora, que é considerada de esquerda e é critica ao nacionalismo, narra que na saga há os bruxos de sangue puro [famílias compostas por bruxos] e sangue ruim [quando há mistura]. É uma clara referência à raça ariana, defendida pelo ditador Adolf Hitler, representado por Lord Voldemort", explica Menezes. "Os comensais da morte são os nazistas e os dementadores representam a depressão", finaliza ele explicando sobre as criaturas das trevas da saga.

Uma das que buscou o curso é a fiscal tributária Maria Helena Dias Mendes, 70, aposentada há dois anos. Fã da saga de J. K. Rowling, diz gostar de ver os oito filmes na sequência e conta a opinião de sua filha sobre o bruxinho. "Para ela, o Harry Potter é um sonso. Já a [amiga do bruxo] Hermione é muito esperta. Mas o Potter sabe que no fundo ele é o pivô de tudo o que acontece naquele mundo de magia", filosofa.

GERAÇÕES

O mundo de Harry Potter uniu gerações distintas, e até de geografia distante.

A professora de inglês aposentada Heloísa Maria Capossoli Barros, 64, usava uma camiseta branca, do bruxinho, na primeira aula na Unicamp. A roupa foi feita pela neta, Beatriz Barros de Freitas, 20, também fã da série.

Heloísa conta que já assistiu aos oito filmes com a neta, que viaja quase 600 km de Belo Horizonte a Campinas para curtir a saga do bruxinho com a avó. "Essa camiseta é meu orgulho. Ela fez uma pra mim e uma pra ela".

A dona de casa Amélia Nascimento, 58, já leu dois livros e assistiu a seis filmes. Ela achou "fascinante" as análises feita pelo professor, como a de que J. K. Rowling dá poder as mulheres por meio da personagem Hermione.

"Adorei quando ele disse que a Hermione foi a primeira a defender os elfos domésticos, considerados escravos."


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