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Em crise, Hospital São Paulo recebe verba de R$ 10,8 milhões do MEC

Rivaldo Gomes/Folhapress
Pronto-socorro do Hospital São Paulo, na zona sul da capital paulista
Pronto-socorro do Hospital São Paulo, na zona sul da capital paulista

O Ministério da Educação liberou R$ 10,8 milhões para o Hospital São Paulo, na zona sul da capital paulista, que passa por grave crise financeira.

O aporte será utilizado para atender os pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) e também vai socorrer o fundo que garante as pesquisas e a residência médica da unidade hospitalar, que pertence à Unifesp (Universidade Federal do Estado de São Paulo).

De acordo com a reitora da Unifesp, Soraya Smaili, quase 100% dos atendimentos feitos na unidade são vinculados ao SUS. "A infraestrutura do hospital também é muito importante para as pesquisas na área de neurocirurgia, cardiologia, ortopedia e diversas outras, onde temos pesquisa de ponta e altíssima qualidade que se revertem aos pacientes do SUS que atendemos."

O hospital enfrenta grave crise financeira desde 2016. Faltam insumos básicos para o atendimento à população na emergência, como luvas, seringas e esparadrapos. As internações agendadas também foram suspensas em março devido à falta de recursos.

CRISE

O pronto-socorro do hospital passou a atender apenas casos de urgência e emergência no início de abril. Na ocasião, a Unifesp afirmou que a unidade precisava de R$ 1,5 milhão por mês (ou R$ 18 milhões por ano) para reabrir o pronto-socorro.

Após cobrança da unidade, o Ministério da Saúde negou o aumento de verba e disse que o hospital já recebe verbas suficientes para manter os atendimentos.

"O Hospital São Paulo tem o Cebas [certificado de entidade beneficente de assistência social], a tabela SUS, tem metade de sua força de trabalho paga pelo governo federal e tem mais o Rehuf de R$ 40 milhões, que é dado aos hospitais universitários. Então não tenho como ajudar mais quem já tem muito mais que os outros", disse o ministro Ricardo Barros (PR) na ocasião.

Em 2016, o Hospital São Paulo atendeu 59% mais pessoas em seu pronto-socorro do que atendia seis anos antes -passou de 236 mil em 2010 para 376 mil no ano passado. A Unifesp diz que os repasses do SUS, no entanto, não acompanharam o aumento dos atendimentos.

Por ano, a unidade recebe R$ 171 milhões por meio de um convênio com o SUS, montante que representa 31% do total das receitas. Outra parte da verba chega por meio do governo federal e do Rehuf. No ano passado, a unidade teve um deficit de R$ 34 milhões.

Para conseguir se manter, o hospital tem feito empréstimos em bancos e adiado o pagamento de fornecedores -a dívida já chega a R$ 160 milhões. Além da Unifesp, o hospital é gerido por uma organização social.


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