Folha de S. Paulo


Ruy Augusto Gonçalves Rolim de Macedo (1947-2017)

Mortes: Com convite e música, ensaiou o próprio velório

Arquivo Pessoal
Ruy Augusto Gonçalves Rolim de Macedo (1947-2017)
Ruy Augusto Gonçalves Rolim de Macedo (1947-2017)

Medo da morte é algo que Ruy Augusto de Macedo não tinha. Brincava que iria para o outro lado depois dos amigos, fazia pedidos à família para o seu enterro e fez até ensaio para seu próprio velório.

O evento, realizado em 2005, em Caçapava, interior paulista, não foi nada mórbido. Teve música, comida e até seção de fotos de Ruy dentro do caixão emprestado de uma funerária. No convite distribuído aos amigos havia duas opções de epitáfios para quando o evento fosse real: "Aqui tá bom, mas no bar tava melhor" e "Aqui samba Ruy do Pandeiro. Ele não gostava de jaz".

Nascido em Lorena (SP), Ruy do Pandeiro, como era conhecido, dizia ser caçapavense e não admitia que dissessem o contrário. Chegou à cidade nos anos 1970 com a mulher, Sônia, e não saiu mais.

Comandava seu próprio jornal, o "Revisão", com a ajuda da família e de amigos e, à noite, saia tocar samba e pagode com sua banda nos bares da cidade. Com a morte de alguns parceiros nos últimos anos, falava em reencontrá-los no céu, onde tocariam até de madrugada, já que entre os vivos só podiam tocar até as 22h.

Irreverente, Ruy chegou a criar datas comemorativas, como o Dia da Mulher Caçapavense. Não tinha data fixa, mas tinha festa, discurso e homenagem. "Tinha fila de mulher querendo ser homenageada", diz a neta Luana.

Morreu dia 11, aos 70 anos, devido a uma infecção, e conseguiu a festa que queria. Teve música, amigos e até a reprodução do convite do primeiro velório. Deixou mulher, quatro filhas e cinco netos.

A missa de 7º dia será quinta (17), às 19h, na Igreja de São Benedito, em Caçapava.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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