Folha de S. Paulo


Vereador suspeito de exercício ilegal da medicina é afastado em Ribeirão

Divulgação/Gaeco
Medicamentos encontrados durante investigação em clínica em que vereador atendia pacientes
Medicamentos encontrados durante investigação em clínica em que vereador atendia pacientes

A Justiça afastou do cargo um vereador de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) suspeito de atuar como médico em uma clínica clandestina que funcionava sem nenhum tipo de regulamentação.

Cirurgião dentista de formação, Waldyr Villela (PSD) é acusado de manter uma clínica que funcionava numa associação espírita na periferia da cidade. Nela, atuava como médico, receitando medicamentos variados às pessoas atendidas.

A decisão foi tomada nesta quinta-feira (10) após pedido do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e da Polícia Civil.

O ambulatório André Luiz, segundo perfil do parlamentar no site da Câmara, é presidido por ele –o vereador também fundou o estabelecimento, há 36 anos. O local não tem licença de funcionamento da Vigilância Sanitária.

A Câmara foi notificada da decisão judicial nesta sexta-feira (11). Villela é investigado por suspeitas de associação criminosa, exercício irregular de medicina, uso de documento falso, peculato e corrupção passiva e ativa.

Além da atuação como médico, o parlamentar utilizava carro oficial da Câmara e assessores comissionados de seu gabinete para atendimentos no local, de acordo com o Gaeco.

Villela ainda foi proibido de frequentar a Câmara local, de ter contato com seus assessores, de deixar a cidade e de "exercer atos estranhos à odontologia".

AFASTAMENTO

Após o caso, revelado pelo jornal "A Cidade", o vereador pediu afastamento do cargo sob a alegação de problemas de saúde.

Retornou da licença médica na última quarta-feira (9) e foi notificado pelo presidente do Conselho de Ética, Lincoln Fernandes (PDT), de um processo em trâmite na Casa para investigar as denúncias. Ele terá prazo de dez dias para a defesa.

Após ser notificada pela Justiça, a Câmara decidiu suspender os salários do parlamentar, demitir os cinco assessores de Villela e convocar o suplente na próxima semana. Ainda conforme a Câmara, o gabinete ocupado pelo vereador será lacrado. Na sessão desta quinta-feira, Villela disse que o que ele fazia na entidade espírita era trabalho assistencial e que está tranquilo em relação ao caso.

A Folha não conseguiu contato com o parlamentar nesta sexta-feira em seus telefones. Ele, que está em seu quarto mandato, foi o mais votado de sua coligação nas eleições do ano passado (12º no geral), com 3.244 votos, e tem como foco de atuação a área assistencial.


Endereço da página: