Em 8 de agosto de 1977, um grupo de advogados renomados assinava a "Carta aos Brasileiros", documento que, no meio da ditadura militar, continha frases como "A ordem imposta, vinda de cima para baixo, é ordem ilegítima" e "ilegítimo é o governo cheio de força e vazio de poder."
Entre os signatários, estava Areobaldo de Oliveira Lima, advogado corajoso, na definição de colegas, que fez carreira no direito penal.
"Ele sempre foi muito determinado e tinha um olhar de defensor. Tanto é que não gostava de trabalhar como assistente de acusação nos casos em que era chamado", conta José Luis, o Juca, que seguiu os passos do pai. "Ele foi meu grande professor".
Também com Areobaldo começou a advogar José Carlos Dias, hoje ex-ministro da Justiça. "Aprendi muito com ele na minha profissão. Era um excelente advogado criminal, muito compenetrado no seu dever", afirma.
Boêmio e bom bebedor de uísque, segundo o filho, era frequentador assíduo do Baiúca, reduto intelectual na praça Roosevelt, região central de SP, entre os anos 1950 e 1990, e tinha mesa cativa no restaurante Itamarati, onde "falava de política, economia, direito e destilava venenos sobre a vida alheia", conta Juca.
Não resistiu a um câncer de pulmão após cinco meses de luta e morreu na última terça (8), aos 83, 40 anos depois de publicada a "Carta aos Brasileiros". Deixa quatro filhos, Maria Tereza, Maria Antonieta, José Luis e Areobaldo, além de nove netos.
A missa de sétimo dia acontece na próxima terça (15), às 18h30, na igreja N. Sra. do Perpétuo Socorro, em São Paulo.
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