Folha de S. Paulo


Explosões do Rodoanel Norte atormentam moradores em SP

Rivaldo Gomes/Folhapress
Iza Vila Verdes, moradora da região da Brasilândia, conta que o reboco do teto da casa dela desabou por causa das explosões
Iza Vila Verdes conta que o reboco do teto da casa dela desabou por causa das explosões

Moradores do Jardim Damasceno, na região da Brasilândia (zona norte de São Paulo), reclamam das explosões realizadas durante as obras do trecho norte do Rodoanel.

Elas fazem tremer as estruturas das casas, deixando rachaduras nas paredes, buracos em telhados e vidros de portas e janelas quebrados. Carros estacionados na rua também foram atingidos por pedras. Os imóveis mais afetados ficam na rua Dalva Barbosa Vila Verde. As explosões acontecem há cerca de dois anos, desde quando a obra começou. São de três a quatro por dia, até as 22h.

A terapeuta Iza Vilas Verdes, 58, conta que o reboco do teto da casa dela desabou por causa das explosões. Ela fez uma reclamação à Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), empresa do governo Geraldo Alckmin (PSDB) que administra a obra, e à OAS, a empreiteira responsável. A empresa, diz ela, prometeu fazer os consertos quando a obra acabar. "Não vejo a hora."

Um carro teve o vidro da frente atingido por uma pedra durante uma das explosões. O veículo estava estacionado em frente à casa de Damiana Bezerra da Silva, 46, que fica perto do canteiro de obras na rua Dalva Barbosa Vila Verde. "Agora não dá nem para deixar mais o carro na calçada. Tem que viver na garagem", diz.

A líder comunitária Marileide Cavalcanti da Silva, 46, diz que reuniu queixas de ao menos 25 famílias que tiveram problemas com as explosões. Ela afirma que há seis meses fez reclamações à Dersa e à OAS, e foi orientada a esperar o fim da obra para agendar uma visita técnica.

SAÚDE

Não bastassem os transtornos materiais, a saúde dos moradores também fica comprometida. "Por duas vezes tive início de infarto com o susto que levei do estouro das bombas", afirma a moradora Vilma da Silva Alencar, 53 anos.

Já a dona de casa Nilzete Martins de Carvalho, 55, tem uma filha cardíaca e marido com epilepsia, que segundo ela, já chegou a entrar em crise após os "estrondos da obra". O telhado da casa de Nilzete tem dois buracos, que segundo ela foram provocados por pedras das explosões da obra do Rodoanel.

'PADRÃO TÉCNICO'

Em contato por telefone, a Dersa, empresa do governo Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou que não responde pelos problemas causados pela obra no trecho norte da Rodoanel. A responsabilidade, disse, é da construtora OAS.

Posteriormente, em nota, informou que monitora os imóveis no entorno das obras por meio de sismógrafos e que, em caso de queixas dos moradores, envia equipes para verificar a existência de danos estruturais. Afirmou também que, em caso de avarias que não ponham em risco as construções, se compromete, em conjunto com a OAS, a ressarcir os proprietários quando terminadas as obras do Rodoanel.

Ainda afirmou que, desde o início do empreendimento, "nenhum morador foi ferido ou sofreu prejuízos materiais."

A OAS, por sua vez, emitiu nota afirmando que são realizados monitoramentos nas obras e que as explosões estão dentro dos padrões técnicos de engenharia. Afirmou que os desmontes de rocha ocorrem dentro de túneis, para segurança dos moradores. Visitas técnicas nas residências do entorno da obra são realizadas quando necessário, disse.

A empreiteira afirmou ainda que não consta registro de danos a veículos, mas não confirmou a existência de outros tipos de reclamações.

Os principais bairros cortados pelo Rodoanel Norte são: Jardim Damasceno, Jardim Vista Alegre, Jardim Antártica e Jardim Flamingo. O Rodoanel Norte terá 44 km e interligará os trechos oeste e leste.


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