Folha de S. Paulo


Cristina de Queiroz Leite (1944-2017)

Mortes: Venceu o Jabuti aos 30 e assessorou Temer em São Paulo

Arquivo Pessoal
Cristina de Queiroz Leite (1944-2017)
Cristina de Queiroz Leite (1944-2017) venceu o Prêmio Jabuti aos 30 anos e foi publicada na Alemanha

Muita gente que escreve sonha com uma vida bucólica após a consagração: um exílio no campo em que o escritor se dedica só à sua obra, sem ter que ligar para aborrecimentos menores.

À primeira vista, Cristina de Queiroz parecia se enquadrar no script. Vencedora do Prêmio Jabuti de 1974, na categoria revelação, despontou como autora promissora.

Teve contos publicados em coletâneas que reuniam João Ubaldo Ribeiro, Hilda Hilst, Murilo Rubião e outros; um de seus textos foi adaptado para o teatro na Alemanha.

No amor, a ficção misturou-se com a realidade. Seu companheiro foi o delegado João Leite Sobrinho, inspirador do primeiro detetive da literatura policial brasileira: o Doutor Leite, de Lopes Filho.

Trinta anos mais velho, ele morreu em 1982. Cristina, que se sustentava com o salário de funcionária pública, diminuiu o ritmo de sua produção literária e assessorou Michel Temer na primeira passagem do presidente pela Secretaria de Segurança Pública do Estado, entre 1984 e 1986. Tinha-o em boa conta e ficou amiga de sua ex-mulher.

Mudou-se para Leme (SP) em 1992, para cuidar da fazenda que o marido comprara antes de morrer. Não levava jeito para coisa e, fora do circuito cultural paulistano, não conseguiu mais ser publicada.

Segundo sua nora, Val, Cristina era reservada, "mais de ouvir do que de falar" –na orelha de um de seus livros, Lygia Fagundes Telles destacou a solidão que permeia suas personagens.

Lutava contra um câncer havia mais de dez anos quando morreu, em 17 de julho, aos 73. Deixa o filho, Pedro.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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