Folha de S. Paulo


JOSÉ DÁRIO DA CUNHA (1958-2017)

Mortes: Negociante, viveu correndo atrás de tainha

Arquivo Pessoal
José Dário da Cunha (1958-2017)
José Dário da Cunha, o Zeca

José Dário da Cunha, o Zeca, largava tudo o que estava fazendo quando descobria que o mar estava para tainha. Da última vez, quase incendiou seu restaurante na praia do Campeche, em Florianópolis, com uma chaleira esquecida no fogão.

Filho de um lavrador de Caieira da Barra do Sul, comunidade de paisagem paradisíaca a 40 quilômetros da capital catarinense, Zeca era bom em tudo que tivesse a ver com sobrevivência: pescar, caçar, negociar.

Começou a trabalhar cedo, numa madeireira. Abriu uma mercearia no povoado, depois foi trabalhar como cobrador de ônibus.

Em 1984, com as economias que juntou contando o troco e cantando as paradas, abriu o Zeca Bar, restaurante que tocou até o fim da vida.

Não sabia ler nem escrever, mas era conhecido por ser um ótimo negociante. "A visão do velho era impressionante. Estava sempre um passo à frente", afirma o filho Eduardo, que o sucedeu na direção do negócio.

Na roda de amigos, fazia os outros gargalharem com seus causos de matuto. "O manezinho era tranqueira demais", diz Eduardo.

Gostava de viajar o Brasil de ônibus, para pescar e caçar com amigos. Seu destino favorito era o Mato Grosso, para onde foi regularmente durante 18 anos.

No começo de julho, estava atrás de porcos-do-mato em Moraes Almeida (PA). Ao pegar um atalho no meio da mata, foi confundido com um animal por um colega e tomou dois tiros de espingarda.

Morreu no dia 3, aos 59 anos. Deixa mulher, dois filhos e três netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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