Folha de S. Paulo


Hermendina Xavier Cruz (1929-2017)

Mortes: Dona Didina e sua sempre cheia casa na praia

Quem visse Hermendina Xavier da Cruz abrigar até 20 pessoas em seu apartamento no Guarujá, litoral de SP, podia estranhar como aquela senhora, já idosa, conseguia ficar cercada de tanta gente.

Mas Didina, como era conhecida, já estava acostumada. Nascida no Rio, teve 17 irmãos –metade do primeiro casamento da mãe, metade do segundo (que ela ajudou a cuidar), conta seu neto Julio.

Os pais não deixavam a menina ir à escola, diziam que ela precisava trabalhar. Mas Didina fugiu de casa e se refugiou num colégio de freiras, enquanto esperava o namorado, Julio, voltar da 2ª Guerra, na Itália.

Falsificou o documento de identidade a fim de se casar, e 1929, ano em que nasceu, virou 1928 –"Foi só puxar a perninha do 9", brincava.

Com o marido, militar, viveu em uma série de cidades, como Belém e São Paulo, onde trabalhou com confecção de cortinas, mas foi em Guarujá que se fixou.

Na praia, recebia os amigos dos netos como se fossem membros da família. Gostava de ajudar a todos como podia: de ações sociais em comunidades pobres a comprar bebidas de uma vizinha (mesmo que fossem mais caras que as do mercado). "O outro era sempre mais importante que ela", conta um neto. "Detestava dar trabalho."

Boa de festa, era ela quem organizava as comemorações de São João do prédio em que vivia e preferia ir a restaurantes com música ao vivo, onde poderia dançar.

Didina morreu no último dia 1º, aos 88, por complicações decorrentes de uma cirurgia. Deixa a filha, Elizabete, quatro netos e amigos.

Arquivo Pessoal
Dona Didina
Hermendina Xavier Cruz (1929-2017)

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