Folha de S. Paulo


Crise e embates com políticos e empresários marcam início de Crivella

Jefferson Rudy - 29.mar.2016/Agencia Senado
Prefeito do Rio, Marcelo Crivella, que tem início de sua gestão marcada por crises e embates
Prefeito do Rio, Marcelo Crivella, que tem início de sua gestão marcada por crises e embates

Sob a justificativa das crises econômica e fiscal, o início da gestão Marcelo Crivella (PRB) à frente da Prefeitura do Rio tem sido marcado por quedas de braço com empresários, políticos e até escolas de samba.

Em seus seis primeiros meses de governo, o prefeito ainda não conseguiu apresentar planos concretos para os principais investimentos prometidos na campanha –ratificados em decretos em seu primeiro dia de governo.

Para críticos, o governo está "sem rumo". Em peças publicitárias, o prefeito diz estar "colocando ordem na casa".

Crivella gastou boa parte de seu primeiro semestre de governo tentando demonstrar a gravidade financeira. A Secretaria de Fazenda afirma haver um deficit de R$ 3 bilhões no orçamento deste ano -cerca de 10% do estimado ainda na gestão Eduardo Paes (PMDB).

Desde maio, o município está proibido de fazer novos concursos, contratações e reajustes salariais por ter ultrapassado o limite prudencial de despesa com pessoal da Lei de Responsabilidade Fiscal. "Ninguém queria passar pela situação que estamos passando agora. Nem culpo o prefeito anterior. Ele foi tomado pela euforia do momento, assim como o governo federal. Se gastou muito mais do que imaginávamos", disse o prefeito.

Além de Paes, quem rebate a tese de dificuldades financeiras é o vereador César Maia (DEM), opositor das duas administrações do peemedebista. "Não acredito que Crivella, um homem de Deus, seja mentiroso. Pode estar mal informado. A execução orçamentária do primeiro quadrimestre apresenta disponibilidade de caixa líquida de um pouco mais de R$ 2 bilhões. Onde é que está essa falência?", afirmou o vereador.

Eleito por um partido pequeno, Crivella enfrentará o primeiro teste na Câmara ao tentar aprovar o aumento do IPTU. Vereadores da base do governo e do PMDB demonstram rejeição ao projeto de lei, impopular no eleitorado.

A estimativa é que as mudanças gerem receita de R$ 1 bilhão. O ajuste fiscal foi a justificativa para o corte de metade da verba repassada às escolas de samba para o Carnaval de 2018. A Liesa (Liga das Escolas de Samba) afirma que a decisão inviabiliza o desfile.

A crise também é a justificativa para que o prefeito não autorize o reajuste das tarifas de ônibus previsto em contrato. Município e empresas estão numa disputa judicial para definir qual valor correto, enquanto o sindicato das empresas diz que o sistema está "à beira do colapso".

Neste cenário, as PPPs apontadas como saída ainda não saíram do papel.

A gestão diz ter resultados para mostrar, como a redução em 28% da espera para consultas, exames e cirurgias. Aponta também um corte de 2.000 cargos comissionados, resultando em economia de R$ 426 milhões anuais.


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