Folha de S. Paulo


Doações de funcionários de empresas e taiwaneses renovam Santa Casa de SP

Eduardo Knapp/Folhapress
Mãe com filho de 1 ano na ala pediátrica da Santa Casa de São Paulo, que passou por reformas
Mãe com filho de 1 ano na ala pediátrica da Santa Casa de São Paulo, que passou por reformas

Todo o quarto andar do prédio da pediatria da Santa Casa de São Paulo, que interna 3.500 crianças por ano, está passando por uma reforma à custa de uma iniciativa inovadora: funcionários de uma instituição financeira criaram um fundo para pagar as obras.

Em outras frentes de apoio, também partindo de recursos de profissionais ligados a empresas ou instituições, foram comprados equipamentos para a UTI infantil, renovado o mobiliário da ala das crianças lactentes e está em curso um projeto para atualizar outro andar da pediatria.

Mesmo com a imagem abalada pela crise financeira, o maior complexo hospitalar da América Latina fechou ainda parcerias para reformar seu lar e hospital de idosos e ampliar os atendimentos de cirurgias obstétricas por vídeo.

A contribuição dos funcionários do Bank of America foi de R$ 400 mil. Parte deles visitou a instituição e viu onde o dinheiro seria aplicado e de que forma. Parte da obra ainda será finalizada.

"Com o cenário atual do país e a crise que vive a saúde e os hospitais filantrópicos, iniciativas assim são fundamentais para continuarmos atendendo", diz Marco Aurélio Sáfadi, diretor da pediatria.

Associados do Clube Rotary de São Paulo também têm levado impacto positivo à pediatria da Santa Casa. Com aporte de quase R$ 500 mil, eles reformaram dezenas de poltronas onde os acompanhantes das crianças passam as horas, compraram equipamentos para a UTI pediátrica, e também reformaram o banco de leite do hospital.

"Vira quase uma cama e ajuda bastante quem tem que passar muito tempo aqui", diz Beatriz Santos, 19, sobre uma das novas poltronas. Ela estava havia quatro dias na Santa Casa acompanhando a filha Tamires, de nove meses, com uma infecção urinária.

COMUNIDADE

O Hospital Geriátrico e de Convalescentes Dom Pedro 2º, que pertence à Santa Casa e funciona hoje mais como lar de idosos, atendendo cerca de 250 pessoas, também acaba de receber uma ajuda, a da comunidade de migrantes de Taiwan. Com estimados cem mil integrantes, o grupo irá comandar uma obra de ampliação e reparos na instalação, que data de 1914.

A equipe de engenheira da Santa Casa fará só o projeto técnico da obra, que visa ampliar o número de beneficiados para cerca de 600.

Os taiwaneses esperam investir até R$ 500 mil. "Os mais carentes da nossa colônia também são atendidos pelo hospital, que tem as portas abertas para todo o mundo", diz Lin Liu Su Hua, porta-voz da comunidade em SP. "Há os que doam R$ 5 e os que doam R$ 10 mil, mas o importante é ajudar."

O prédio da casa de idosos é tombado pelo patrimônio histórico e terá sua arquitetura preservada. Parte de uma ala do local, que fica no Jaçanã (zona norte), está com o teto totalmente deteriorado.

CIRURGIA POR VÍDEO

O setor de ginecologia e obstetrícia do complexo hospitalar também conseguiu apoio financeiro recente para implantar melhorias.

A diferença é que a verba, nesse caso, veio de uma empresa privada. A mineradora CBMM, de MG, aplicou R$ 650 mil na ampliação de um projeto de atendimento a mulheres com endometriose.

A Santa Casa acumula dívidas de R$ 700 milhões e está com um deficit mensal de R$ 10 milhões.


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