Folha de S. Paulo


Agatha Maria DAngelo (1914-2017)

Mortes: Assistente social ágil e disposta até os 102 anos

A primeira pessoa a ceder seu assento na mesa de jantar caso alguém ficasse sem cadeira era Agatha Maria D'Angelo, mesmo que fosse décadas mais velha que o visitante. "Não tem problema, eu gosto de ficar em pé", dizia.

Não era só por educação: ela preferia mesmo estar em movimento. Em viagem a Roma e a Jerusalém aos 97 anos, por exemplo, Agatha reclamava da falta de disposição dos colegas, segundo conta Ana Maria, sua sobrinha-neta.

Até depois dos 90, tomava diariamente o trem até Osasco, na Grande SP, onde trabalhou por décadas como assistente social da associação Pestalozzi, que atende crianças e jovens com deficiência.

A assistência social veio quando decidiu há 80 anos não seguir o caminho que seria natural, casar-se e virar dona de casa, e se formou na primeira turma de serviço social da PUC de São Paulo.

O cuidado com os outros ia além do trabalho: hospedava em sua casa sobrinhos (e até amigos de sobrinhos) que saíam do interior para estudar na capital e cozinhava com empenho receitas tradicionais da Itália, de onde veio seu pai e onde ela chegou a morar na infância. Só começava a refeição depois que todos na mesa já estivessem comendo.

Com mais de um século de vida e a visão prejudicada por uma catarata, ia sozinha à igreja que frequentava, na avenida Paulista. "As pessoas me ajudam a atravessar a rua", dizia aos preocupados.

Morreu no domingo (25), aos 102. Deixa duas irmãs, dezenas de sobrinhos, e sobrinhos-netos. A missa de 7º dia será neste sábado (1º), às 16h, na igreja que tanto ia, a S. Luiz Gonzaga, na av. Paulista.

Arquivo Pessoal
Agatha Maria D'Angelo (1914-2017), em seu aniversário de cem anos
Agatha Maria D'Angelo (1914-2017), em seu aniversário de cem anos

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