Folha de S. Paulo


Dono de carreta envolvida em acidente que matou 22 pessoas é preso no ES

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Acidente entre duas ambulâncias, ônibus e carreta deixa mortos e feridos no Espírito Santo
Acidente entre duas ambulâncias, ônibus e carreta deixa mortos e feridos no Espírito Santo

A polícia prendeu, nesta sexta-feira (23), um dos proprietários da empresa responsável pela carreta envolvida no acidente que deixou 22 pessoas mortas na BR-101, região de Guarapari, na Grande Vitória.

Segundo a Secretaria do Estado da Segurança Pública e Defesa Pessoal, Jocimar Pretti, 63, dono da Jamarle Transportes, deve responder por homicídio com dolo eventual (quando se assume o risco de matar).

"A autuação dele foi pela negligência à exposição reiterada dos funcionários e usuários da rodovia à situação de risco", afirmou, em nota, o delegado Alberto Roque, titular da Delegacia de Delitos de Trânsito.

Laudo preliminar do acidente apontou irregularidades como falha mecânica, pneus carecas e excesso de peso no veículos, afirmou a pasta. No momento do acidente, a carga de blocos de granito estaria 11 toneladas acima do limite. A polícia aguarda os laudos da perícia para concluir a investigação, ele deve ficar pronto em cerca de 30 dias.

A mulher do motorista da carreta também disse à polícia que os funcionários da empresa eram submetidos a trabalho excessivo, inclusive noturno, para fugir da fiscalização, e, por isso, ele chegou a tomar rebite [estimulante usado para não dormir]. O condutor morreu no acidente.

Editoria de Arte/Folhapress

A batida ocorreu por volta das 6h30 de quinta (22), na altura do km 343 da rodovia que liga o Rio de Janeiro ao Espírito Santo. Informações preliminares da polícia já apontavam uma falha mecânica na carreta como causadora do acidente. A hipótese é que o pneu tenha estourado e a carreta invadido a pista contrária.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal, o veículo bateu de frente com o ônibus, que trafegava na pista sentido Vitória, e depois em duas ambulâncias. Além do motorista da carreta, morreu também o condutor de uma das ambulâncias, da cidade de Jerônimo Monteiro (ES). A empresa responsável pelo ônibus diz que 19 dos mortos eram passageiros do coletivo.

Até a noite desta sexta, dez corpos já tinham sido identificados e liberados para as famílias, 11 passarão por exame de DNA e um corpo ainda não foi reclamado e está sem identificação, afirmou a Sesp.

Além dos óbitos confirmados, 13 pessoas foram encaminhadas para hospitais da rede estadual, sendo algumas em estado grave. Elas estão internadas nos hospitais Dr. Jayme Santos Neves, em Serra; Antônio Bezerra de Faria, em Vila Velha; Dório Silva, em Serra; e São Lucas, em Vitória.

A Prefeitura de Jerônimo Monteiro identificou o motorista morto no acidente como Alisinaldo Zampili Vargas, 36. Ele trabalhava havia seis anos para a prefeitura. Os outros ocupantes sobreviveram e estão bem. A outra ambulância é da cidade de Alfredo Chaves (ES).

Também se envolveu no acidente um ônibus da viação Águia Branca, que fazia o trajeto São Paulo-Vitória, com 31 passageiros a bordo.

Em nota, a empresa informou lamentar o ocorrido e que "toda a diretoria segue acompanhando de perto todas as providências necessárias, sem medir esforços para o apoio aos passageiros e familiares".

A Jamarle Transportes, que funciona em Baixo Guadu (ES). disse em nota à imprensa de Vitória que é de interesse da transportadora esclarecer os fatos. A empresa disse que, "apesar da grande repercussão do acidente, não podemos nos precipitar em apontar as causas ou culpados". A polícia não divulgou o contato do advogado do empresário.

acidente

VÍTIMAS

O aposentado Antônio Alves Menezes, 63, morador de Mauá (Grande SP) saiu da capital paulista com um primo no ônibus da Águia Branca e pretendia fazer uma surpresa para seu filho e outros parentes em Vitória (ES). Os dois morreram no acidente. Os corpos ainda não foram identificados.

Filho da vítima, o bombeiro civil Fernando de Souza Silva Menezes, 32, disse que ficou apavorado ao saber que o pai estava no ônibus. "Não imaginei que ele era uma das vítimas porque não sabia que vinha. Só depois meu irmão ligou dizendo que estava preocupado porque ele tinha vindo para cá. Foi só desespero", disse.

Ele contou que o pai nasceu em Vitória e morava havia mais de 40 anos em São Paulo. Porém, gostava de visitar familiares na cidade. Ele deixou quatro filhos.

Os parentes da técnica de enfermagem Andréa Paes de Oliveira, 44, também iriam ser surpreendidos por ela. A vítima nasceu em Vitória e morava havia cinco anos em Araraquara (273 km de SP). Ela deixou três filhos. "Uma parceira incrível", disse Edilson da Silva, 30 anos, marido da vítima.


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