A voz aguda logo denunciava: qualquer um que conhecesse Victória Kerbauy identificava, de longe, sua risada característica. E foi esse instrumento poderoso que fez dela uma importante cantora lírica em São Paulo.
De família libanesa, Victoria nasceu em Presidente Alves, a 383 km de SP, e foi para a capital por causa do pai, Elias Kerbauy, padre ortodoxo. Foi também por causa dele que começou a cantar, nos ritos da igreja. Sua voz se sobressaiu e ela foi estudar canto com profissionais no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Teve também como mestres nomes importantes da música erudita, como Neyde Thomas, Celina Sampaio e Rio Novello.
O primeiro emprego foi no Coro Lírico, no Theatro Municipal, onde ficou por poucos anos até entrar para o Coral Paulistano, da mesma instituição, no qual trabalhou por décadas como cantora e preparadora técnica.
Foi como solista, no entanto, que ganhou destaque. Seu maior parceiro foi Almeida Prado, compositor e pianista, considerado um dos maiores nomes da música erudita no país. Trabalhou ainda com nomes como Dinorá de Carvalho e Amaral Vieira, gravou programas de música para rádios e televisões e se apresentou em recitais pelo mundo.
Longe dos palcos, depois de mais velha, nunca deixou de ouvir música em casa e fazia questão de ir a concertos e óperas. Seus conselhos eram buscados com frequência por outros músicos, conta a sobrinha Tânia.
Victória morreu no último dia 2, após contrair uma pneumonia. Deixa dois irmãos e sobrinhos.
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Victória Kerbauy (1929-2017) |
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