Folha de S. Paulo


Marilia Moreira (1922-2017)

Mortes: Apresentadora infantil e militante política

Arquivo Pessoal
Marilia Moreira (1922-2017)
Marilia Moreira (1922-2017)

A vida de Marilia Moreira poderia ter sido bem diferente se não tivesse ido trabalhar aos 17 como secretária no escritório de um tio. Foi lá que viu, pela janela, Eduardo Moreira, por quem se apaixonaria e que a levaria para a TV.

O namoro de janela rendeu: casaram-se em 1943 e tiveram dois filhos. Eduardo, até então advogado, abandonou a carreira jurídica para trabalhar na TV (produziu e dirigiu programas de estrelas como Maysa e Inezita Barroso).

Marilia foi junto e escreveu e produziu programas culturais, de entrevista e educativos. Em frente às câmeras, apresentou o "Pullman Jr.", atração infantil da Record que fez sucesso nos anos 1960.

Criada longe de influências religiosas, aproximou-se de alas socialistas da Igreja Católica por influência de uma amiga e, na ditadura militar, escondeu perseguidos políticos na casa da família em Campos do Jordão (SP).

Feminista, foi demitida de uma rádio em que trabalhava durante a repressão por citar ao vivo ideias de pensadoras como Simone de Beauvoir, conta sua filha, Rita.

Depois da ditadura, voltou a trabalhar em escritórios e filiou-se ao PT, a contragosto do marido, que preferia não se envolver com política.

Gostava de dar festas e era "uma boa bebedora", diz Rita. Por isso, a família e amigos cantaram a marchinha que Marilia tanto gostava, "As Águas Vão Rolar" ("garrafa cheia eu não quero ver sobrar"), em seu velório-festa, como ela queria que fosse.

Marilia morreu no último dia 10, aos 95, após uma década de luta contra o Alzheimer. Deixa Rita, sobrinhos e muitos amigos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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