Como transformar a oficina de pintura de cabines de caminhão dos amigos em uma das maiores fabricantes de ônibus do mundo? Pergunte a Paulo Bellini.
Depois de se formar em contabilidade em Porto Alegre, em 1949, Bellini voltou à sua cidade natal, Caxias do Sul, pronto para fazer negócio. Viu a oficina de pintura dos irmãos Nicola, amigos da família, e sugeriu: se tinham espaço e mecânico, por que não fabricar chassis para ônibus?
Nascia assim a Nicola & Cia. Para conseguir financiamento, abriram o capital da empresa entre amigos e familiares e recorreram até a agiotas, contaria Bellini anos depois. Nos primeiros veículos construídos, o metal não passava do revestimento –as estruturas eram de madeira.
Nos anos 1960, o executivo vislumbrou o mercado internacional. Em 1961, realizou a primeira venda ao Uruguai.
No Salão do Automóvel de 1968, a empresa apresentou o ônibus Marcopolo, inspirado no viajante italiano, nome que adotaria para a própria companhia em 1971, com os irmãos Nicola já fora da sociedade. Bellini foi diretor-presidente, presidente do conselho de administração e presidente emérito da empresa por quase cinco décadas.
Nos 1990, começou a internacionalização da companhia, que tem hoje operações em 11 países (África do Sul, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Colômbia, Egito, Estados Unidos, Índia, México) e vendas já feitas para mais de cem outras nações.
Internado em um hospital de Caxias do Sul havia uma semana, Bellini morreu na manhã de quinta-feira (15), aos 90. Viúvo, deixa três filhos e duas netas.