Folha de S. Paulo


Cruzamento sem semáforo no Pari, no centro de SP, é campeão em acidentes

Rivaldo Gomes/Folhapress
Cruzamento no Pari que teve maior número de acidentes no ano passado, com 12 batidas e 15 feridos
Cruzamento no Pari que teve maior número de acidentes no ano passado, com 12 batidas e 15 feridos

O cruzamento das ruas João Boemer e Santa Rita, no bairro do Pari, região central, foi campeão em número de acidentes de trânsito com vítimas em São Paulo em 2016.

Só nesse ponto foram 12 acidentes, com 15 feridos, ao longo do ano passado, conforme balanço divulgado pela gestão João Doria (PSDB).

No ano anterior, essa esquina já estava na lista das dez da capital paulista com mais acidentes com vítimas.

Dono há 19 anos de um bar localizado no cruzamento, Edson Oliveira Filho, 43, diz que a quantidade mapeada pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) é apenas uma pequena amostra do que costuma ocorrer no local.

"Todos os dias tem batida de carro aqui. Tem vezes que chega a ter três no mesmo dia", afirma. Os números oficiais levam em conta só os casos de boletins de ocorrência.

Editoria de Arte/Folhapress

O cruzamento não tem semáforo, só sinal luminoso amarelo piscante para indicar aos motoristas da rua Santa Rita que a preferencial é de quem está na João Boemer.

Uma mensagem de "pare" pintada no asfalto ressalta a preferencial. "Os avisos, no entanto, não são suficientes para os motoristas, que circulam em alta velocidade pelas duas ruas", diz Oliveira.

Próximo à zona cerealista, ao largo da Concórdia e à marginal Tietê, o cruzamento tem grande volume de carros, caminhões e veículos de entrega, além de ônibus.

Donas desde a década de 1930 do colégio Santa Maria, próximo ao cruzamento das ruas Santa Rita e João Boemer, as freiras da Congregação de Jesus organizaram um abaixo-assinado para solicitar a instalação de semáforo.

Segundo a freira Eliana Dias, elas já auxiliaram diversas vítimas de acidentes.

"Na semana passada, um carro-forte que vinha pela rua Santa Rita atingiu outros sete carros", afirma. Ela conta que tiveram de colocar funcionários da escola para ajudar as crianças na travessia.

No ranking dos cruzamentos com mais acidentes em 2016, uma esquina da av. Senador Teotônio Villela (zona sul) aparece em segundo lugar, com oito casos no ano.

Reprodução
Cruzamento no Pari que teve maior número de acidentes no ano passado, com 12 batidas e 15 feridos
Cruzamento no Pari que teve maior número de acidentes no ano passado, com 12 batidas e 15 feridos

'PRÓXIMOS MESES'

A CET afirma que finalizou um projeto para implantação de semáforo no cruzamento do Pari e que isso será feito nos "próximos meses".

O órgão disse ainda que, além de medidas de fiscalização, prepara campanhas de conscientização. Afirmou que a ideia é fazer com que todos se comportem de acordo com as regras, "mudando padrões de comportamento para a preservação da vida".

Para o engenheiro Ivan Whately, especialista em trânsito, além da instalação de semáforo, a redução da velocidade é uma medida que poderia ser analisada para reduzir os acidentes no local. O limite por ali é de 40 km/h.

"É possível ainda mudar a geometria do cruzamento para obrigar os motoristas a reduzirem a velocidade", diz.

Outra medida que ele considera importante é melhorar a fiscalização das infrações de trânsito, como excesso de velocidade e desrespeito a semáforos e preferenciais.

O fato de cruzamentos como esse se repetirem por mais de um ano na lista dos campeões de acidentes, para ele, é problema grave. "É sinal de que não foram tomadas medidas ou o que foi feito não deu o resultado esperado."


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