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Após ação da polícia, cracolândia tem faxina reforçada para evitar barracas

Bruno Rocha/Fotoarena/Folhapress
Usuários de crack na praça Princesa Isabel, nesta segunda, sem as barracas que encobriam o tráfico
Usuários de crack na praça Princesa Isabel, nesta segunda, sem as barracas que encobriam o tráfico

Nesta segunda (12), dia seguinte à ação policial que retirou todos os barracos de usuários de crack da praça Princesa Isabel –a nova cracolândia de São Paulo–, a prefeitura manteve uma rotina de limpeza constante do espaço.

Os dependentes seguem no local, mas a estratégia do governo Geraldo Alckmin e da gestão João Doria é impedir a montagem de novas tendas no fluxo de viciados, para, assim, reduzir a estrutura do tráfico. As barracas são usadas como esconderijo para a compra e venda de drogas.

Nesta segunda, o plano foi seguido à risca. Eram 15h30 quando guardas metropolitanos se aproximaram do fluxo, seguidos por varredores da prefeitura e de um caminhão.

Além do lixo, foram retirados pedaços de madeira, lonas e objetos que permitem a montagem de barracas. Uma outra limpeza com jatos d'água nas calçadas e ruas do entorno já havia sido feita às 9h.

Um dia antes, seis horas após a ação policial, os usuários só foram autorizados a retornar à praça após terem seus itens pessoais revistados. Eles foram impedidos de levar qualquer material que pudesse se transformar em esconderijos, como lonas, guarda-chuvas e estacas.

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Mesmo assim, esses materiais podiam ser vistos na cracolândia no início da tarde desta segunda. Um homem chegou a montar uma barraca de camping, enquanto outro estendeu vários pedaços de lona sobre a terra.

Alguns fumavam crack debaixo de guarda-chuvas. Tudo era feito sob o olhar de guardas municipais e policiais militares, que ocupam os dois extremos da praça –o fluxo de viciados, com cerca de 500 pessoas, fica bem no centro. Depois da limpeza, nada mais restou, a não ser cobertores e alguns colchões.

A polícia também intensificou a revista de pessoas na região da nova cracolândia em busca de traficantes.

As autoridades acreditam que, uma vez inibida a presença dos criminosos, os usuários se tornam mais suscetíveis à abordagem para tratamento médico. Além disso, sem um ponto fixo de venda de drogas, pessoas de outras cidades e bairros ficam desencorajadas a ir até a cracolândia do centro da cidade.

A ação deste domingo para dispersar a cracolândia foi a segunda em menos de um mês. No dia 21 de maio, uma operação policial prendeu traficantes e desobstruiu vias nas quais funcionavam uma feira de drogas a céu aberto sob o comando de uma facção criminosa.

Ao longo das últimas três semanas, os usuários se mudaram para a praça Princesa Isabel, e nenhuma ação conseguiu reduzir o tamanho da nova cracolândia.

Também nesta segunda, a poucos metros da praça, na rua General Rondon, a prefeitura deu início à instalação de contêineres para atender os usuários, com cem camas, chuveiros e salas de atendimento. O muro do terreno que pertence à Cohab foi derrubado por uma retroescavadeira.

Moradores, que antes protestaram contra a instalação da estrutura, concordaram com a promessa da prefeitura de retirar os contêineres em no máximo 120 dias.


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