Folha de S. Paulo


Dado da PM sobre vítimas na marginal não é comparável, diz gestão Doria

Rubens Cavallari/Folhapress
Motorista espera resgate após acidente na marginal Pinheiros, em março deste ano
Motorista espera resgate após acidente na marginal Pinheiros, em março deste ano

Os números da Polícia Militar que apontam aumento de acidentes nas marginais nos quatro meses posteriores à mudança dos limites de velocidade não podem, segundo a gestão João Doria (PSDB), ser comparados com as estatísticas da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) que veem uma tendência oposta.

O secretário municipal de Transportes, Sérgio Avelleda, afirma que a discrepância dos dados ocorre por haver neste ano maior presença de agentes da CET, do Samu e da Polícia Militar nas marginais.

Segundo a pasta da gestão Doria, com a reforma de câmeras de monitoramento e maior comunicação, as três instituições passaram a atender acidentes que antes não ser registrados. Questionada, a PM não comentou. Em divulgações anteriores, essa hipótese não foi citada pela corporação como fator que poderia explicar elevação de casos.

A CET, que faz análise de dados de boletins de ocorrência, defende sua metodologia, que diz adotar desde 1979, embora admita a existência de acidentes que não são contabilizados por esse método.

DADOS CONSOLIDADOS DA CET - Ocorrências registradas entre fevereiro e abril; Doria aumentou velocidades em 25.jan

OUTROS LEVANTAMENTOS - Dados de acidentes coletados de outras formas mostram tendência de aumento

Pela discrepância das estatísticas, é como se os feridos nas marginais deixassem de registrar ocorrência na delegacia em ao menos 7 de cada 10 acidentes registrados nessas vias pela Polícia Militar –ficando de fora, com isso, do balanço da gestão Doria.

O secretário Sérgio Avelleda diz que, no início do ano, apenas 32 das 57 câmeras de monitoramento de trânsito nas marginais funcionavam.

Em 25 de janeiro, quando houve a mudança das velocidades máximas, ele diz que um total próximo de 50 já estavam de volta à ativa.

Além disso, disse que a CET estabeleceu novas rotas de operação para chegar aos pontos de acidente nas marginais com maior agilidade.

"A Polícia Militar, pelo Comando de Policiamento de Trânsito, e o Samu também incrementaram muito a sua presença. Nós temos hoje braço e pernas para chegar nos eventos que não tínhamos no passado", disse Avelleda.

Segundo a prefeitura, porém, nem todos os acidentes resultaram em boletins de ocorrência, que são ponto de partida para os dados da CET.

"Recentemente, num acidente entre duas motos e um caminhão, na marginal Pinheiros, o condutor de uma moto levantou e foi embora. O motorista do caminhão deixou o local do acidente. A terceira vítima, uma moça com ferimento na perna, foi atendida por uma agente da CET que acionou a polícia e o Samu", exemplificou João Otaviano, presidente da CET.

Segundo ele, antes que a ambulância do Samu chegasse, a vítima acionou uma ambulância particular que a levou para o hospital. Neste caso, diz Otaviano, apesar de a PM e o Samu terem sido chamados, não foi feito um boletim de ocorrência que poderia ser contabilizado pela CET.

A empresa estima que 28% dos motociclistas que se acidentam na cidade não registram boletins de ocorrência.


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