O amor que Raul Tarek Fajuri tinha pela cultura de seus antepassados não podia ser expresso só pela culinária ou pela música. Era preciso falar mais alto, ir mais longe. Por isso, criou uma revista.
Nascido em Buenos Aires, Raul mudou-se para o Brasil ainda criança –a mãe, Mariana Dabul de Fajuri, imigrante libanesa, morou em diferentes países da América antes de se estabelecer em São Paulo.
Em 1955, Mariana criou a revista "Etapas", voltada à comunidade árabe no país, onde o filho iniciou a carreira.
O jovem, no entanto, decidiu estudar engenharia e mudou-se para Campo Grande para exercer a profissão. Viveu lá por 12 anos, com a esposa, Leila, também descendente de árabes e mãe de seus três filhos.
De volta a São Paulo, retomou em 1991 a revista da mãe, fechada seis anos antes. Batizou-a de "Chams" –sol, em árabe. A publicação acompanhava fatos políticos (como a ascensão de Michel Temer, também de antepassados libaneses, à Vice-Presidência) e eventos da comunidade. Logo se tornou uma das principais do tipo no país.
Com a idade avançada, deixou a revista em 2013. A família continuou com o projeto por mais dois anos, até que a encerrou, em 2015. "Todo final é também um reinício", dizia a capa da última edição, em texto acompanhado por uma foto do editor.
Raul morreu na última sexta-feira (2), após 24 anos de luta contra diferentes tipos de câncer. Deixa a mulher, três filhos e seis netos.
A missa de sétimo dia acontecerá nesta quinta (8), ao meio-dia, na Catedral Metropolitana Ortodoxa, em SP.
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