A moça de família pobre que se apaixona por um rapaz rico e resolve fugir porque a família não aceita o relacionamento. Poderia ser trama de novela, mas foi o começo da história entre Luiza Maestri Ferreira das Neves e o amor de sua vida, Manoel.
De família de imigrantes, Luiza cresceu trabalhando em lavouras de café com os pais em Uchôa (SP). Veio a Segunda Guerra e seu pai foi perseguido e preso, por ser italiano. Solto dois anos depois, levou a família para a capital para reconstruir a vida.
Na cidade grande, Luiza trabalhou em fábricas e escritórios e se apaixonou por Manoel, um moço bonito e de família rica que vivia na mesma rua que ela, no Pari, zona norte de SP. Mas ele era mais novo e mais abastado que Luiza, e o relacionamento dos dois não foi aceito por sua família.
Com o romance proibido, resolveu se afastar do rapaz e fugiu para o Rio, sem contar sequer aos seus pais, onde trabalhou como empregada doméstica por um ano.
Manoel foi buscá-la e enfim se casaram: o irmão do noivo e um faxineiro da igreja foram testemunhas e padrinhos da união, conta Maria Laura, neta do casal. Tiveram dois filhos, conheceram o mundo e ficaram juntos até meados dos anos 1980.
Italiana "enérgica e bruta", segundo a neta, não era de beijos e abraços, mas demonstrava o amor pela família nas longas horas que passava cozinhando massas e doces.
Morreu no último dia 28, aos 93, após contrair uma infecção generalizada. Deixa duas irmãs, dois filhos, cinco netos e dois bisnetos. Realizou o último sonho: o de ser enterrada ao lado de Manoel.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
-