Folha de S. Paulo


Maria Carmen Gonzalez Figueiredo (1966-2017)

Mortes: Indigenista apaixonada pelos kayapós

Arquivo Pessoal
Maria Carmen Gonzalez Figueiredo (1966-2017)
Maria Carmen Gonzalez Figueiredo (1966-2017)

A Amazônia foi a segunda casa de Carmen Figueiredo por mais de duas décadas. A indigenista tinha uma memória invejável que absorvia detalhes de cada lugar, de ponta a ponta. Suas lembranças, sempre descritivas, se assemelhavam à cultura oral do povo kayapó mekrãgnoti, a quem Carmen dedicou o trabalho de uma vida inteira.

Nascida em Campinas (SP), foi estudar em Cuiabá (MT) inspirada por uma tia que trabalhava com a proteção indígena. Já em Brasília, na década de 90, conseguiu seu primeiro emprego, na Funai.

Arquivo Pessoal
Maria Carmen Gonzalez Figueiredo (1966-2017) e seu filho, Miguel
Maria Carmen Gonzalez Figueiredo (1966-2017) e seu filho, Miguel

Foi o começo de uma jornada apaixonada em defesa dos povos indígenas e da floresta. Em um de seus trabalhos mais significativos instalou mais de 150 estações de radiotransmissão em aldeias indígenas e ribeirinhas, facilitando sua comunicação emergencial.

Apaixonada pelos kayapó, foi a primeira a ter abertura para perceber a importância das mulheres naquela cultura. Criou, então, o Menire –projeto de artesanato que promove o empoderamento feminino e geração de renda nas tribos desde 2006.

Seu tempo livre era dedicado ao trabalho até a chegada de seu filho, Miguel, em 2008.

A frequência de suas jornadas na floresta diminuiu, mas sua paixão não. "Ela era indomável. Parecia tirar parte de sua energia vital do confronto", diz o ex-marido Rodrigo. Quando descobriu um câncer, há cerca de cinco anos, não deixou de expressar sua preocupação com o futuro de seu filho e dos kayapó.

Morreu no último dia 17, aos 50 anos, por uma infecção hospitalar após um exame. Deixa Miguel, três irmãs e três sobrinhos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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