Folha de S. Paulo


Doria e Alckmin deixam evento às pressas em protesto na cracolândia

Coletiva de imprensa suspensa

Um protesto de ativistas contrários às operações policiais na cracolândia, na manhã desta quarta-feira (24), interrompeu uma entrevista do prefeito João Doria e seu padrinho político, o governador Geraldo Alckmin, ambos do PSDB.

Doria e Alckmin anunciariam a construção de novos empreendimentos imobiliários para revitalizar a região da Luz, ao lado da cracolândia, no centro da capital. A confusão ocorreu no estacionamento do comando da Guarda Civil Metropolitana, onde estava prevista a solenidade.

Reprodução/GloboNews
Alckmin e Doria são levados a carro às pressas após protesto em entrevista no centro de SP
Alckmin e Doria são levados a carro às pressas após protesto em entrevista no centro de SP

O prefeito e o governador foram chamados de "fascistas" pelos manifestantes, e os gritos de protesto interromperam a fala dos políticos. O clima ficou tenso e guardas-civis empurraram os manifestantes e agrediram um deles. Doria e Alckmin foram retirados do local às pressas. Quando se dirigiam aos carros, a confusão continuou. Manifestantes tentaram se aproximar, mas foram impedidos por seguranças. Ninguém se feriu.

Doria retornou à prefeitura após a confusão, mas Alckmin permaneceu na região. Aproveitou para visitar uma obra para construção de moradias populares na rua Glete. Um vídeo da visita foi postado em sua conta no Twitter.

OPERAÇÃO POLICIAL

Em operação policial realizada neste domingo (21) e coordenada pelas administrações municipal e estadual, 900 agentes da polícia foram mobilizados para prender traficantes na área. O Denarc (Departamento de Narcóticos) mirava 69 deles, além de desmanchar uma feira de drogas local. Ao todo, 50 pessoas foram presas e três adolescentes, apreendidos.

Dependentes químicos que costumavam se concentrar na alameda Dino Bueno foram dispersados, comércios foram emparedados e imóveis deverão ser demolidos. Na tarde desta terça (23), a parede de uma pensão chegou a ser derrubada no início da ação da prefeitura, mas pessoas ainda estavam no local. Três delas ficaram feridas.

Três secretários municipais deram uma entrevista para justificar o acidente. Segundo Marcos Penido, da pasta de Infraestrutura e Obras, a prefeitura não sabia que havia pessoas dentro do prédio. "Essas pessoas entraram por uma passagem clandestina. Foi uma situação inusitada. Daqui para frente, tomaremos medidas adicionais para evitar que isso ocorra novamente", afirmou.

Segundo Penido, a prefeitura havia avisado que a área estava isolada e que as demolições iriam começar. Moradores do prédio contestam. "Ninguém avisou. Eu estava no quarto e ouvi um barulho de obra. De repente, começaram a gritar, falando que tinha gente machucada", conta Alessandra Feliciano, 23, que mora com o filho de 10 meses na pensão.


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