Folha de S. Paulo


Américo de Almeida (1932-2017)

Mortes: Amelco, a memória histórica da Mooca

Um antigo palhaço da Mooca, na zona leste de SP, sofria para comprovar à Previdência os anos de serviço. Ouviu que um livro citava seu nome artístico, Vareta. Anexou o conto ao seu processo e conseguiu a comprovação.

O autor do livro é Américo de Almeida, mooquense daqueles que veem o bairro paulistano como uma pátria.

Américo valorizava a cultura popular e local. Brincava com isso: gostava de ser chamado de Amelco, pronúncia errada de seu nome.

Quando Vareta o procurou para saber como compensá-lo, Amelco pediu uma apresentação do velho palhaço para as crianças da vizinhança.

Segundo de seis filhos de um dos tantos casais de imigrantes da então região industrial, começou a trabalhar criança, vendendo bananas na rua ou coletando sucata.

Numa dessas coletas, conheceu os gibis do Capitão América e do Super-Homem, que viraram uma paixão e ensinaram ao garoto diferentes formas de se contar histórias.

Aos 14, já trabalhava como torneiro mecânico e participava de greves. Teve uma vida ativista no proletariado, integrando o antigo "partidão" (Partido Comunista Brasileiro) e sindicatos.

Na administração regional da Mooca, editou um jornal que virou referência para as outras administrações.

Em outubro, visitou o antigo local de trabalho e teve uma surpresa. Não havia mais ninguém de seu tempo, mas todos o conheciam. Foi festejado, como o patrimônio histórico local que era.

Morreu no dia 2, aos 84, por pneumonia hospitalar. Deixa a companheira Marilu, a filha Zoia, a enteada Cristiane e dois netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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