Folha de S. Paulo


Francisco Simões Junior (1921-2017)

Mortes: Um paraibano pioneiro na capital federal

Arquivo Pessoal
Francisco Simões Junior (1921-2017)
Francisco Simões Junior (1921-2017)

Sob os protestos da mulher, seu Chiquinho teimava em deixar a marcenaria sempre destrancada. Dizia que se não pudesse confiar no ser humano, não saberia em quem confiar nessa vida.

Paraibano da região de Seridó, Francisco Simões Junior chegou a Brasília em 1957, depois de quatro meses num pau de arara. De tanto ver o pai fazer os currais da roça, havia aprendido a entalhar madeira e virou marceneiro na cidade que só seria inaugurada por Juscelino Kubitschek três anos depois.

Começou fazendo carroceria de caminhão, mas percebeu logo o elevado número de operários mortos e passou também a fabricar caixões.

Segundo a família, criticava o que encarava como desperdício de dinheiro público na construção da capital federal e se indignava ao ver os pioneiros cercando lotes de terras públicas. "Meu pai tinha um sentimento republicano de ajudar a erguer Brasília. Morreu pagando aluguel", conta o filho Jeová.

Tido como um homem de personalidade forte e senso de humor ácido, fazia com que qualquer conversa terminasse em piada e se recusava a ir à igreja, apesar da fé. "Com o temperamento que tinha, ele ficaria o tempo todo questionando os pastores", brinca a filha Zalrenice.

Na festa de aniversário de 90 anos, pediu a Deus mais cinco anos de vida. Ao fazer 95, em julho passado, disse que não pediria mais nada.

Morreu em 7 de abril, por falência de múltiplos órgãos, em Anápolis, onde morou nos últimos cinco anos com a filha mais nova. Deixa a mulher, oito filhos e 16 netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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