Folha de S. Paulo


Homem é acusado de manter filha em cativeiro por dois anos na Grande SP

Ronny Santos/Folhapress
Casa onde, segundo a polícia, jovem de 21 anos era mantida refém pelo próprio pai
Casa onde, segundo a polícia, jovem de 21 anos era mantida refém pelo próprio pai

Um homem de 46 anos foi preso na manhã desta sexta-feira (12), em Mogi das Cruzes (Grande São Paulo), sob acusação de manter a própria filha, de 21 anos, presa dentro de uma casa alugada, em que ele não vivia, por dois anos.

Segundo a Polícia Civil, uma ex-enteada de Marcos André da Rocha Nunes e o dono da casa alugada ligaram para a PM e fizeram a denúncia na noite de quinta (11).

Sem conseguir contatar ninguém da casa, os policiais arrombaram o portão e encontraram a jovem, assustada, trancada no escuro –o local não tinha energia elétrica.

Aos policiais, ela afirmou que passou fome, frio e que sofria tortura do pai desde que a mãe morreu, em 2006.

Segundo a polícia, Nunes agredia a filha com socos, chutes, além de apagar cigarros no corpo dela e ter esfaqueado a jovem, deformando sua orelha. Ela disse que não sofreu abuso sexual.

O delegado titular do 2º DP de Mogi das Cruzes, Jorge Luís Esteves, afirma que o pai, que trabalhava como segurança de madrugada, a mantinha presa sob o argumento de que ela era jovem demais para se relacionar sexualmente com outros homens e que não confiava nela.

Segundo a polícia, Nunes confessou o crime. A reportagem não conseguiu localizar nenhum advogado dele.

O delegado Esteves afirmou que houve outras denúncias antes contra Nunes.

Uma delas foi feita pelo dono da casa meses atrás –já falando sobre a garota. A ex-enteada afirmou que morou com Nunes por cinco meses, enquanto sua mãe mantinha relacionamento com o segurança. Ela disse que presenciou a vítima sofrer maus tratos.

O pai da vítima foi preso em flagrante, em outro endereço, onde vivia só. Ele vai responder sob suspeita de sequestro e cárcere privado.

ABRIGO

A vítima, que foi levada para um abrigo de assistência social na região do Alto Tietê (Grande São Paulo), tinha o pai como único familiar.

Nos últimos dois anos, ela não teve contato com nenhuma outra pessoa. Disse que recebia comida uma vez por dia, e sempre o mesmo prato: arroz, feijão, batata e ovo. Desde os 12 anos, o pai passou a impedi-la de ir à escola.

A casa onde a jovem era mantida refém, à beira de um córrego, estava alugada pelo pai da vítima havia cerca de três anos. Ele não pagava luz e água havia um ano.

Pelo menos quatro vizinhos de Nunes disseram à reportagem suspeitar que havia algo estranho com ele e com a casa. Eles afirmam que o segurança não morava no imóvel, mas ia todos os dias, por volta das 18h, e saía às 22h, para ir ao trabalho.


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