Folha de S. Paulo


MARIA APOLLÔNIA PANIZ (1926-2017)

Mortes: Uma freira que ajudava prostitutas no Sul

Vestindo o hábito branco, a freira Maria Apollônia Paniz desembarcou na capital gaúcha no final dos anos 1960. Nascida em Caxias do Sul, Maria Apollônia atendia ao chamado de sua vocação ao chegar a Porto Alegre: auxiliar os mais necessitados.

Formada em enfermagem, a irmã murialdina trabalhou no bairro Cidade de Deus, em Porto Alegre, dizendo "não dá para ficar parada vendo alguém precisando de ajuda".

Ficou cerca de uma década na capital e, no final dos anos 1970, voltou a Caxias, onde cuidou de crianças carentes do bairro Santa Fé, então o mais violento da cidade.

Sem estrutura, a irmã dava refeições para as crianças sob árvores. A freira preparava sanduíches, colocava-os num balde que levava nos raros ônibus que faziam o trajeto.

A instituição cresceu e chegou a atender mais de 300 crianças e adolescentes, com aulas de culinária e costura.

Maria também passava seu tempo no presídio, apoiando detentos e prostitutas. A irmã ajudava a recuperar a estima de mulheres nessa condição, além de apoiar seus filhos. Mesmo lutando contra um câncer nos últimos anos, não abandonou o trabalho de apoio às garotas de programa.

Seu trabalho rendeu duas premiações: em 2000, recebeu na Itália o prêmio internacional Leonardo Murialdo e, 12 anos depois, ganhou o Mulher Cidadã, na Câmara local.

Morreu no dia 4, aos 90. "Ela lamentava não poder fazer mais nada pelos outros. Quando não conseguia dormir, lembrava de todos que tentou cuidar durante a vida", conta a freira Enedina Smiderle.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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