Folha de S. Paulo


Humberto Torloni (1924-2017)

Mortes: Pesquisador de vanguarda contra o câncer

Aluno de medicina na Escola Paulista (Unifesp), Humberto Torloni vislumbrou uma oportunidade. Era a época da fundação do Hospital do Câncer (futuro A.C. Camargo), e um concurso oferecia uma bolsa nos EUA ao estudante que arrecadasse mais fundos.

De origem humilde –era um dos 11 filhos de um imigrante italiano analfabeto que trabalhava com café na região portuária de Santos (SP)– Humberto foi aos pátios e refeitórios de grandes empresas para pedir doações.

Ladeado por irmãos "guarda-costas", entregou sacos de dinheiro no último dia do concurso. Venceu e foi aos EUA, onde se especializou em anatomia patológica, e começou a migrar para a área do câncer.

A forma que utilizava para classificar a doença chamou a atenção da OMS (Organização Mundial da Saúde), e logo ele foi convidado para trabalhar no órgão, na Suíça. De volta ao Brasil, dirigiu a Divisão Nacional do Câncer, do Ministério da Saúde.

Quando o Instituto Ludwig de pesquisa em câncer quis estabelecer uma sede no país, procurou o doutor Torloni. Ele então indicou o A.C. Camargo, onde trabalhou até os últimos meses de vida.

Apesar da trajetória o levar às altas esferas de poder, manteve o espírito simples que cativava quem o conhecia. Passava os finais de semana trabalhando a terra –e o café– e cuidando de seus cães numa chácara em Mairiporã (SP).

No último ano, perdeu Odete, sua companheira por mais de 70 anos. Em janeiro, descobriu um câncer no pâncreas.

Morreu no dia 5, aos 93. Deixa os filhos Humberto, Antônio Sérgio e Maria Regina, cinco netos e um bisneto.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

-

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missas


Endereço da página:

Links no texto: