Folha de S. Paulo


Agência Lupa: Quem se lembra da UPP Social?

Humberto Ohana - 25.abr.17/Folhapress
Cabine blindada no formato de torre instalada na comunidade Nova Brasília, no Complexo do Alemão, no Rio
Cabine blindada no formato de torre instalada na comunidade Nova Brasília, no Complexo do Alemão

Como anda o programa que foi criado pelo governo do Rio, repassado à prefeitura carioca depois de 33 dias e que pretendia levar cidadania às favelas pacificadas?

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"Queremos investir na polícia de proximidade e otimizar as ações sociais nas comunidades com a presença do Estado"

Luiz Fernando Pezão (PMDB), governador, em 2015, ao lançar a Comissão Executiva de Monitoramento e Avaliação da Política de Pacificação (Cemapp)

EXAGERADO A comissão, que seria composta por ao menos um representante de cada secretaria e que planejaria políticas públicas para as regiões pacificadas do RJ, durou menos de um ano e atuou em apenas uma das 38 áreas com UPP: o Morro São João, na zona norte. Em março de 2015, segundo o governo estadual, foram realizados na região dois projetos: a Casa Futuro Agora e o Jovem Aprendiz. Nesses espaços, foram oferecidos a 5.180 pessoas "serviços sociais, cursos de capacitação e atividades culturais". A comissão teve seus trabalhos extintos pouco depois da implantação dessas medidas. Em nota, o governo Pezão atribui essa situação ao agravamento da crise financeira do Estado. "Em meio à escassez de recursos, a prioridade do governo é regularizar o pagamento dos salários de todos os servidores ativos, inativos e pensionistas."

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"[No Morro do Macacos, na zona norte] a Prefeitura do Rio pretende implantar (...) um sistema de saúde da família. A Faetec quer instalar um Centro Vocacional Tecnológico (CVT)"

Ricardo Henriques, secretário municipal de Assistência Social e Direitos Humanos do Rio em 2010

FALSO A frase, dita no 1º Fórum UPP Social no Morro dos Macacos, não se concretizou. Segundo a própria Secretaria Municipal de Saúde do Rio,
os moradores da comunidade ainda hoje são atendidos por clínicas e hospitais situados fora dela. O CVT, prometido pela Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), jamais foi construído. A justificativa, segundo a própria entidade, é que o projeto não saiu do papel devido à grave crise econômica do RJ.

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"[Vamos] implantar UPP Social em todas as áreas pacificadas"

Programa de governo de Eduardo Paes (PMDB), na campanha pela reeleição, em 2012

VERDADEIRO, MAS
O site Rio+Social, nome do programa carioca que substituiu a UPP Social, lista pelo menos uma ação iniciada pela prefeitura de Eduardo Paes em cada uma das comunidades pacificadas da cidade. Mas nem todas as iniciativas foram concluídas. No Complexo do Alemão, na zona norte da cidade, por exemplo, não foram terminadas as obras do programa habitacional Morar Carioca, que integrava o Rio+Social. Em nota, a atual prefeitura reconhece que 14 obras de urbanização em favelas foram suspensas, mas informa que as atividades serão retomadas "ainda neste primeiro semestre".

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"Mais de R$ 170 milhões devem ser investidos [pela GeoRio, em áreas de encostas] até 2016"

Balanço apresentado pela Prefeitura do Rio de Janeiro em 2013

EXAGERADO O Portal da Transparência do Município mostra que, em 2014, a GeoRio investiu R$ 45,2 milhões na categoria que engloba a contenção de encostas. Em 2015, foram R$ 56,8 milhões e, em 2016, R$ 63,1 milhões. Nos últimos três anos, portanto, o órgão investiu R$ 165,2 milhões. Procurada, a GeoRio apresentou outro cálculo que totaliza R$ 177,2 milhões de investimento em obras de contenção. O valor, no entanto, engloba pagamentos de anos anteriores.


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