Folha de S. Paulo


Guardas civis são flagrados em vídeo agredindo morador de rua em SP

Membros da GCM (Guarda Civil Metropolitana), da gestão João Doria (PSDB), foram flagrados em um vídeo agredindo um homem em situação de rua por volta das 10h desta quarta (3) no Jabaquara (zona sul).

Nas imagens, um GCM empurra o homem, que cai no chão, enquanto outros dois guardas acompanham sem fazer nada. Depois, o homem é pressionado contra a parede e tem o braço torcido para trás. Ele leva, também, uma rasteira. Durante as agressões, outros dois fiscais da prefeitura levam um carrinho de supermercado com os pertences da vítima.

Reprodução
Guardas civis retiram pertences de morador de rua em São Paulo
Guardas civis retiram pertences de morador de rua em São Paulo

Entre os itens recolhidos estavam alguns cobertores e um colchão fino, dobrado. Segundo o homem, era a única coisa que tinha na vida. "Não leva meus bagulhos, não. Eu não tenho nada. Por favor", disse, chorando, após apanhar.

Duas pessoas, que estavam gravando, reprovaram a atitude dos guardas e questionaram as agressões. Uma outra mulher aparece pedindo para que os guardas tirem as mãos da vítima e devolvam os seus objetos. As únicas coisas que o homem aparentava ter serviam para protegê-lo do frio. Segundo o Climatempo, a mínima entre terça (2) e quarta foi de 15ºC.

Truculência

O caso gerou revolta nas redes sociais. O primeiro vídeo postado no Facebook nesta quarta relatando o caso chegou a quase 15 mil compartilhamentos à noite. O padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua, diz ter conversado com Doria sobre o que aconteceu.

"Ele assume que é injustificável e disse que vai usar a filmagem em treinamentos aos agentes, para mostrar como não agirem", disse. Segundo ele, a prática "ocorre todos os dias" e essa só ganhou repercussão porque foi flagrada e filmada.

A gestão Doria afirma que o caso vai ser investigado e que um dos guardas-civis envolvidos será afastado. Em nota, a Secretaria da Segurança Urbana afirmou que a "Corregedoria Geral da Guarda Civil Metropolitana vai apurar a conduta dos agentes no procedimento. Preliminar e temporariamente, o guarda envolvido diretamente na ocorrência será afastado das atividades operacionais".

A Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania afirmou que a conduta dos agentes "não condiz com a política e a orientação da prefeitura" e que vai acompanhar todo o processo.


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