Folha de S. Paulo


Temer reforça presença da Força Nacional no Rio após onda de violência

Com o agravamento da violência no Rio de Janeiro, o governo federal irá aumentar o atual contingente da Força Nacional a pedido do governo fluminense.

Em telefonema com o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), o presidente Michel Temer informou que pretende enviar imediatamente mais cem homens à administração fluminense.

Segundo o ministro da Justiça, Osmar Serraglio, o Rio de Janeiro conta atualmente com 125 homens em operação. Para autorizar o envio, o governador se comprometeu a formalizar um pedido de ajuda ao governo federal.

"Nós estamos disponibilizando mais integrantes da Força Nacional e amanhã o general Santos Cruz irá ao Rio de Janeiro para que possa aferir os dados que o serviço de inteligência dispõe do que está ocorrendo no Estado", disse Serraglio.

O ministro também anunciou que haverá um reforço na Polícia Rodoviária Federal, mas não detalhou o contingente. Segundo ele, a estratégia é tentar evitar a entrada de armas e drogas pela rodovia Presidente Dutra, que se tornou, segundo ele, uma das principais rotas para a atividade criminosa.

"A via Dutra tem sido um canal de alimentação muito expressivo e precisa de algum instrumento e de alguma força diferenciada para que se possa conter isso. O Rio de Janeiro precisa de uma mão amiga que o presidente tem estendido", disse.

O ministro reconheceu que a situação é preocupante no Rio de Janeiro. Segundo ele, a situação da segurança pública sofreu um agravamento nos últimos dias. "Há algo mais acentuado, comprometendo pelo menos visivelmente a situação. Parece que há a necessidade de um controle mais forte na medida em que esses eventos têm levado ainda mais insegurança à população", disse.

TRANSPORTE PÚBLICO

Uma empresa de ônibus desviou os itinerários de suas linhas deixando boa parte das pessoas sem transporte na manhã desta quarta-feira (3). Os coletivos da Viação Reginas tiveram seus trajetos alterados da avenida Brasil para a Linha Vermelha, em caráter emergencial, após um grupo de mascarados incendiar nove ônibus na região nesta terça (2).

O policiamento foi reforçado por equipes do 16º BPM (Olaria) na Cidade Alta e nos pontos da avenida Brasil onde aconteceram os ataques. Além dos ataques na avenida Brasil, outros coletivos foram queimados na avenida Washington Luiz, em Duque de Caxias. Os conflitos levaram ainda ao fechamento de 28 escolas, 10 creches e 6 espaços de desenvolvimento infantil.

Segundo a empresa, a mudança do itinerário aconteceu no início da manhã. Porém, após a constatação de que a situação na avenida Brasil estava calma, os ônibus voltaram ao trajeto original.

RESPOSTA DO TRÁFICO

O ato foi atribuído pelo governo Luiz Fernando Pezão (PMDB) como uma resposta do tráfico a uma operação da Polícia Militar pela manhã. Segundo a Secretaria de Segurança, a ação policial frustrou a invasão da favela Cidade Alta, na zona norte, por traficantes do Comando Vermelho, que pretendiam uma retomada de controle –atualmente é dominada pelo Terceiro Comando Puro.

Ao todo, 45 suspeitos foram presos e 38 armas de fogo, sendo 32 fuzis, apreendidos. Não houve registros de feridos nos incêndios, mas a ação da polícia na favela deixou dois mortos, ainda sem identificação, e três policiais feridos sem gravidade.

O governo do Rio diz que a ordem para a retomada da Cidade Alta pela facção criminosa Comando Vermelho partiu de uma cadeia fora do Estado e foi executada por pessoas recém-egressas do sistema penitenciário. A polícia montou um cerco nos acessos da favela e frustrou a ação.

"Houve uma ação do crime organizado em que eles se falaram, pode ser pessoalmente, por WhatsApp e diversos outros meios, e se deslocaram cada um de uma favela para fazer uma ação como esta", disse Roberto Sá, secretário de segurança da gestão Pezão.

Segundo Sá, a polícia já identificou alguns mandantes da invasão. Os incêndios a ônibus teriam sido orquestrados para desmobilizar a polícia na operação e assim permitir a fuga de traficantes.

Os confrontos entre grupos de traficantes acontecem desde a noite de segunda (1°). A favela Cidade Alta é considerada estratégica pela proximidade com as principais vias de acesso ao Rio.

Ônibus e caminhões incendiados no Rio


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