Folha de S. Paulo


Cuba decide suspender envio de mais 710 médicos que atuariam no Brasil

O governo cubano decidiu suspender o envio de 710 médicos que viriam ainda neste mês ao Brasil para atuar no Mais Médicos, programa federal criado para levar profissionais ao interior do país.

A medida ocorre devido ao aumento no volume de ações judiciais ingressadas por médicos cubanos que pedem a permanência no programa além do prazo previsto no contrato, de três anos.

Desde o ano passado, o Ministério da Saúde já contabiliza ao menos 88 ações judiciais com esse objetivo. Agora, o receio é que mais médicos entrem com medidas semelhantes.

Moacyr Lopes Junior - 11.nov.13/Folhapress
Cubanos desembarcam no aeroporto de Guarulhos, na Grande SP, para participar do Mais Médicos
Cubanos desembarcam no aeroporto de Guarulhos, na Grande SP, para participar do Mais Médicos

Diante do impasse, autoridades de saúde do governo cubano solicitaram à Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), entidade responsável por intermediar a vinda dos médicos ao Brasil, uma reunião com o governo brasileiro para discutir o problema. O pedido foi enviado na terça-feira (11).

Em nota, a organização confirma que o encontro deve tratar do aumento de ações judiciais, situação que tem levado à contratação direta desses profissionais pelo governo brasileiro. "Para Cuba, essa situação não estaria em conformidade com o acordo de cooperação firmado", informa a Opas.

IMPACTOS

A suspensão na chegada dos médicos pode gerar atrasos no processo de reposição das vagas para atendimento em alguns municípios. A previsão era que os novos médicos começassem a atuar nas unidades de saúde já no próximo mês.

Segundo a Opas, a medida está mantida até que ocorra a reunião entre os dois países.

Questionado, o Ministério da Saúde afirma que aguarda a reunião para definir novas datas para a chegada dos profissionais ou medidas para nova reposição das vagas. "O Ministério da Saúde reforça o seu compromisso pela continuidade do programa e pela manutenção da assistência à população", informa, em nota.

Além do impacto nos municípios, a suspensão abre um novo capítulo nas negociações entre os dois países em relação ao Mais Médicos. No último ano, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, já havia anunciado a intenção de diminuir a participação de médicos cubanos no programa. Na ocasião, a pasta anunciou que 4.000 vagas de médicos que encerram seus contratos passariam a ser destinadas a brasileiros.

Hoje, 18.200 médicos atuam no Mais Médicos. Destes, 10.400 são cubanos. A meta do Ministério da Saúde é que esse número, que já teve redução, chegue a 7.429 em três anos.


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