Folha de S. Paulo


Edith Rezende Hirth (1913-2017)

Mortes: Espirituosa senhora que viveu até os 104 anos

Arquivo Pessoal
Edith Rezende Hirth (1913-2017)
Edith Rezende Hirth (1913-2017), na comemoração de seus 104 anos de idade

Ao completar cem anos, Edith Rezende Hirth teve dificuldade de acreditar que vivera tanto. Brincava que Deus esquecera de buscá-la: "Já não sei mais o que eu tô fazendo aqui", dizia, espirituosa, segundo sua neta, Priscilla.

Foi com lucidez e bom humor que completou ainda outros quatro aniversários –sempre perplexa com a idade.

Nascida em São Paulo, em 1913, estudou em colégio católico (era muito religiosa) e casou-se em 1945 com o economista Harold Hirth. Com ele, rodou o mundo: conheceu de destinos clássicos na Europa até lugares menos visitados, como o Alasca.

Sonhava em ser mãe, mas sofreu alguns abortos espontâneos. Só conseguiu concluir a gravidez, dizia ela, quando desistiu de tentar, já com mais de 40 anos.

Nascido Harold Jr., não desgrudou mais do único filho: passou um ano sem cortar o cabelo, durante a infância do menino, para não ter que deixá-lo sozinho. E seus olhos ainda brilhavam quando ele a visitava, diz Priscilla.

Lia jornais diariamente e, boa de memória, era ela quem lembrava a família dos aniversários de amigos –não deixava de enviar lembrancinhas.

Dirigiu até os 98. "A gente torcia para ela não conseguir renovar a carteira, mas ela sempre passava nos exames médicos", conta a nora, Ana.

Internada com pneumonia, ouviu, no domingo (9), sua música preferida, "Hi Lili, Hi Lo", cuja versão em português diz: "Sempre contente estou/O que passou, passou/O mundo gira depressa/E nessas voltas eu vou".

Morreu minutos depois, aos 104. Deixa o filho, a nora e os netos, Priscilla e Ricardo.

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