Folha de S. Paulo


ONG de proteção à criança põe 'luto' em sua sede em defesa do grafite

Para celebrar o "Dia do Graffiti", nesta segunda-feira (27), uma das principais ONGs de apoio a crianças e adolescentes vulneráveis socialmente de São Paulo, a Projeto Quixote, resolveu colocar panos pretos, em sinal de luto, em sua sede, que fica na Vila Mariana (zona sul), e promover uma série de atividades para divulgar a importância da arte de rua.

O objetivo da mobilização é, segundo a organização, debater "intolerâncias artísticas, culturais e sociais, o papel do artista como reivindicador da rua, políticas públicas e a nova campanha Cidade Linda [do governo João Doria] e o grafite como ferramenta de inclusão social".

O projeto usa o grafite como uma de suas ferramentas pedagógicas de socialização de seus cerca de 300 atendidos. O "luto" proposto pelos lençóis pretos é acompanhado de oficinas, palestras, atividades práticas e artísticas.

O médico Auro Lescher, que está à frente da organização, diz que "o grafite é um instrumento psicopedagógico fundamental no nosso trabalho com crianças jovens e familiares que vivem suas vidas muitas vezes secas e cinzas" e afirma que a arte "é instrumento importante para a construção da cidadania: ajuda na formação dos jovens como sujeitos ético-estético-políticos"

Ainda de acordo com Lescher, o luto da instituição é para lembrar Alex Vallauri, precursor da arte de rua e que morreu nesta data. "Cobrimos de luto a sede do Quixote como referencia a esse artista, que como os grafiteiros de hoje, celebra as cores e formas que expressa suas fantasias, realidades, criticas e sonhos".

A Prefeitura de São Paulo, que tem combatido as pichações pela cidade e chegou a apagar grafites, tem convênio de repasses de recursos de um fundo específico para crianças e adolescente com projeto, mas há atrasos na quitação dos acordos.

O fundo (Fumcad) guarda cerca de R$ 240 milhões gerados a partir de renúncia fiscal.


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