Como a arqueologia, estudo de sociedades antigas, por vezes milenares, a partir de vestígios materiais, pode transformar a realidade de populações nos dias de hoje?
Foi a esse desafio que Rosiane Limaverde dedicou sua vida. Com a arqueologia social inclusiva, conceito desenvolvido por ela, mudou a pequena cidade de Nova Olinda, no interior do Ceará.
Com o marido, Alemberg Quindins, Rosiane criou a fundação Casa Grande –Memorial do Homem Kariri. O local, um sítio arqueológico com museu, teatro, rádio etc., funciona desde 1992 e é gerido por crianças e adolescentes– a diretora tem 11 anos.
Assim, Rosiane ajudou a capacitar profissionalmente dezenas de jovens, explorando o potencial turístico e educativo da arqueologia.
Rosiane nasceu no Crato, cidade vizinha a Nova Olinda, área de grande migração de povos por ser uma espécie de oásis no sertão, conta o marido e parceiro de ciência, com quem estava desde 1982.
Interessada pela grande quantidade de artefatos arqueológicos encontrados por lá, como panelas indígenas, graduou-se em história e fez mestrado em arqueologia pela Federal de Pernambuco.
Transformou a experiência com a fundação Casa Grande em seu doutorado, laureado com honra pela Universidade de Coimbra em 2015.
Escrevia um livro sobre a arqueologia social inclusiva, mas foi interrompida no último dia 20, quando não resistiu a um câncer no ovário, contra o qual lutava desde 2012. Deixa o marido e dois filhos –que também foram formados na Casa Grande.
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