Folha de S. Paulo


Nicolau Petro Salama (1931-2017)

Mortes: Médico que atendia de graça quem não podia pagar

Os filhos do médico Nicolau Salama foram surpreendidos no enterro do pai pela presença de desconhecidos que lhe foram dar adeus.

Eram familiares de pessoas que trabalharam com Nicolau ao longo da vida, como enfermeiros e atendentes, e que foram agradecer pelo tratamento gratuito quando não podiam pagar –hábito do médico que a família só foi conhecer no dia de seu sepultamento, conta o filho Flavio.

De família de imigrantes sírios, Nicolau negou a tradição de começar cedo a trabalhar no comércio e insistiu para estudar medicina.

Depois de formado, morou por quatro anos na pequena São Pedro do Turvo, a 362 quilômetros de São Paulo, onde seu sogro era prefeito e fazendeiro. Nessa época, contava, precisou fazer de tudo: de partos à luz de velas a dar orientações à população de que não deveriam usar fezes de animais para tratar feridas.

Em 1972, já de volta à capital paulista, abriu a Casa da Vila Mariana, abrigo para idosos que comandou com afinco até o fim da vida.

Tinha duas grandes paixões: o sítio em Santana de Parnaíba, onde dava grandes festas, e viajar –preferia países menos conhecidos no leste asiático, África e Oriente Médio (onde podia treinar o árabe que aprendeu na infância com a família).

Internado desde o início do ano, trabalhou até um dia antes de morrer. Mas o paciente já era ele. "Discutia com os médicos qual era o medicamento mais adequado ao seu tratamento", diz Flavio, que lembra do pai como rígido.

Morreu no último dia 21, aos 85, deixando a mulher, quatro filhos e sete netos.

Arquivo Pessoal
Nicolau Petro Salama (1931-2017)
Nicolau Petro Salama (1931-2017)

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