Folha de S. Paulo


Delson Moura Máximo (1950-2017)

Mortes: Pelezinho corintiano das quadras de Itaquera

Ele não era nascido em Três Corações. Mas também era mineiro, de Pratápolis. Não era santista, e sim corintiano. Atuava, porém, nas quadras de futsal do então distante bairro de Itaquera, na São Paulo dos anos 60 e 70.

A agilidade e habilidade dentro das quatro linhas renderam a Delson Máximo o apelido de Pelé. Com o tempo, o corpo franzino e leve lhe impôs a adaptação do apelido para Pelezinho.

Pelezinho passou pelos clubes do Cifa, do Ferrolho e Elite, todos de Itaquera. Mas, diferentemente do famoso Pelé, a carreira não decolou. Acabou virando um pintor requisitado no bairro.

Não perdia um jogo do seu Corinthians. Horas antes da partida gritava para alguém da família: "É hoje, hein!". Quando o clube perdia, resmungava como se nem torcesse para o time: "E seu Corinthians nem pra ganhar, hein!".

Assistia aos jogos em silêncio, compenetrado. Como manda a regra do bom torcedor, só gritava gol quando o tento já havia sido anotado.

Uma vez acordou a família, que já dormia, quando o Corinthians foi campeão da Libertadores. Outra vez acordou a família, que ainda dormia, quando o time ganhou o campeonato mundial no Japão.

No Carnaval, torcia pela Gaviões, escola ligada ao clube. Todo ano comentava o desfile que via pela TV. "Estava uma beleza. Tinha que ver."

À espera do almoço, batucava na mesa o samba da escola que mais gostava: "Me dê a mão, me abraça, viaja comigo pro céu". Morreu aos 66, vítima de enfisema pulmonar numa terça-feira de Carnaval. Deixa a irmã, o sobrinho, sobrinhos-netos e amigos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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