Folha de S. Paulo


Euclides Francisco Evangelista (1952-2017)

Mortes: Chico Evangelista e o início do reggae brasileiro

Assim que subia no palco, Chico Evangelista parecia que não desceria mais. A empolgação o fazia emendar refrões e sons surpreendendo os companheiros e transformando músicas de quatro minutos em performances de dez.

Baiano de Salvador, começou a se apresentar em festivais e bares com o amigo Carlos no início dos anos 1970. Já trazia uma influência dos batuques africanos que arriscava no terreiro da casa da avó. A dupla virou um quarteto em 1972, com Kiko e Dinho, dando origem ao Arembepe –uma referência à praia calma de mesmo nome que servia de refúgio a hippies da época.

Decididos a sair das apresentações locais, os quatro fizeram as malas e seguiram para o Rio e depois São Paulo. Dormiram em rodoviárias e pediram comida a desconhecidos, mas, no fim, gravaram dois compacto, fizeram shows e conheceram ídolos como Elis Regina e Gilberto Gil.

Reprodução/Facebook/Irmandada Pós-moderna
Euclides Francisco Evangelista (1952-2017)
Euclides Francisco Evangelista (1952-2017)

Na capital paulista, Chico conheceu o estilo que deixou o Arembepe conhecido: o reggae. Foi uma namorada inglesa que mostrou a ele o som de Bob Marley. Com a influência, a banda virou uma das primeiras do país a tocar o estilo.

Em 1977, Chico deixou o Arembepe, mas continuou a compor, cantar e tocar seu violão. Passou por festivais da Globo e da Tupi, antes de entrar numa fase mais esquecido, entre os anos 1990 e 2000.

Já com problemas de saúde, limitou suas apresentações a bares e encontros menores, mas ainda alegre, com a mesma energia do começo. Morreu dia 21, aos 64 anos, após uma parada cardíaca. Deixa um filho, duas netas e um álbum inédito do Arembepe a ser lançado em 2018.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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