Alguém passou de bicicleta e tentou levar meu celular na terça-feira (21), no centro de São Paulo, nas proximidades de onde policiais militares e usuários de drogas da cracolândia entraram em confronto dois dias depois.
Eu caminhava por volta das 12h30 na avenida Duque de Caxias, a uns 100 metros de distância de uma base da Polícia Militar que fica na esquina da via com a avenida Rio Branco, na praça Princesa Isabel. Senti uma pancada no rosto, mas consegui segurar o aparelho.
Fui até a base comunicar o ocorrido e ouço do PM: "Então, você precisa ligar para o 190". Ora, eu estava indo na polícia, e a orientação é ligar para a polícia? "Não posso sair daqui", disse o policial.
Precisei insistir para receber um mínimo de atendimento, que se limitou a anotar meu nome e RG numa ficha. E ainda tive que sugerir que anotassem as características do sujeito, que foram apontadas em uma cadernetinha...
Chegou um segundo PM, que disse: "Não podemos fazer nada porque não houve crime". Tenta me convencer que tentativa de roubo não é crime, e que, mesmo que fizessem algo, de nada adiantava, porque o suspeito só assinaria um termo na delegacia e iria embora.
Pergunto se ao menos a queixa seria registrada. Eles dizem que sim, "aqui com a gente", sem reporte à Secretaria de Segurança Pública do governo de São Paulo.
Todo o "atendimento" foi para me desestimular a tomar qualquer atitude. Sem queixa não há trabalho nem registro da ocorrência; logo, a região, estatisticamente, torna-se mais segura.
Tento registrar boletim de ocorrência no sistema on-line da Segurança Pública; mas não há opção para tentativa de roubo/furto.
Pelo menos na Ouvidoria da Polícia, onde registrei reclamação sobre o mau atendimento dos PMs, o cidadão recebe alguma atenção.
OUTRO LADO
Procurada, a secretaria da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) informou que, segundo o meu relato enviado a eles, "o atendimento dos policiais não obedeceu ao protocolo estabelecido pela Polícia Militar" e que a conduta será apurada.
Em nota, a secretaria também disse que a ocorrência foi uma tentativa de furto, que não consta nas estatísticas oficiais da pasta, "motivo pelo qual não há que se falar em desvio dos números".