Folha de S. Paulo


Carnaval 'cercado' atrai 85 mil foliões com Sargento Pimenta e BaianaSystem

Seduzidas por bandas e blocos famosos, e um calor que superou os 30º C, mais de 85 mil pessoas passaram neste fim de semana pelo Memorial da América Latina, zona oeste de São Paulo, para pular o pré-carnaval.

Apesar de a capital registrar um boom de blocos de rua nos últimos anos, a festa no sábado (11) e domingo (12) foi cercada entre grades e músicos em um palco.

O evento ocorreu na Praça do Memorial, organizado por uma produtora que alugou o espaço. O confinamento da festa foi um problema no sábado –quando os blocos cariocas Bangalafumenga e Sargento Pimenta atraíram 65 mil foliões (o público foi rotativo, segundo os organizadores do evento).

Houve registro de confusão para a entrada no local. Muita gente pulou os portões –parte da grade chegou a descarrilar– e invadiu os espelhos de água que ficam no entorno dos prédios projetados por Oscar Niemeyer.

Por conta da multidão do sábado, até a rampa que passa sobre a avenida Auro Soares de Moura Andrade estava apinhada de gente durante a apresentação do Sargento Pimenta. O bloco homenageia os Beatles.

A organização afirma que não houve registro de ocorrências graves nem danos ao local. Caso o memorial tenha prejuízos, a empresa vai se responsabilizar.

A estudante Ana Flávia Cruz, 24, não curtiu muito do estilo "confinado". "É um bloco 'gourmetizado'", disse ela, que veio de Santo André, no ABC para curtir o Carnaval na capital no sábado.

Já a manicure Eveline Lais, 22, não pensa da mesma forma. "Nunca havia pulado carnaval em São Paulo, agora está demais ficar por aqui na cidade", diz ela, que esteve no local no domingo.

Lais saiu do Grajaú, extremo sul de São Paulo, para acompanhar a apresentação. Ela e o colega Lucas Veras, 22, sequer conheciam a programação musical do dia.

"O Carnaval de São Paulo tem meu crédito. Tem festa para quem quer pular, beijar, curtir com os amigos", diz Veras. "Já fui para o Rio, lá é só o status", provoca ele.

No domingo, com 20 mil pessoas, o cenário era de maior tranquilidade –e a festa não foi menor. Com referência a Cazuza, o bloco Exagerado abriu a programação.

No meio da tarde, foi a vez da banda BaianaSystem praticamente hipnotizar a multidão. A leve chuva que caiu na região não foi suficiente para espantar os foliões.

O BaianaSystem se consolidou como revelação da música de Salvador nos últimos anos ao misturar música popular, percussão, guitarra baiana e música eletrônica.

A educadora Grace Matos, que fazia ontem 28 anos, ficou colada na grade, em frene ao palco, desde o início do show da banda. "Na semana passada estava na Bahia e tinha visto um show deles, é uma energia muito forte", disse ela meio esbaforida no fim de uma das músicas.

Além da festa no Memorial, outros blocos agitaram a capital paulista no fim de semana. Teve folia na Vila Madalena, Moema, República e Freguesia do Ó.

O cronograma oficial do Carnaval paulista só começa no próximo fim de semana. Foram cadastrados 495 blocos na cidade.

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RIO

No Rio, nem os protestos de mulheres de policiais, que têm gerado boatos de redução no policiamento na cidade, afastaram os foliões.

Logo pela manha, o bloco Volta, Alice atraiu uma multidão para o bairro das Laranjeiras, na zona sul. No mesmo horário, em São Conrado, também na zona sul, o bloco Chame Gente levou para o Rio um pouco do ritmo do Carnaval de Salvador.

Em um trio elétrico, Pipo e Bel Marques tocaram axé para os foliões.

No fim da tarde, a Orquestra Voadora tomou as pistas do Aterro do Flamengo em mais um ensaio para seu cortejo de Carnaval, que acontecerá no dia 28 de fevereiro, uma terça-feira.

No sábado (11), dois grandes blocos já tinham levado multidões às ruas da cidade: na Gávea, o Desliga da Justiça concentrou foliões fantasiados de super-­heróis e, em Ipanema, o tradicional Banda de Ipanema fez o primeiro de seus três desfiles.

A Polícia Militar diz que o patrulhamento na cidade não foi afetado pelos protestos. A corporação tem feito trocas de turno dos agentes fora dos batalhões (alguns estão bloqueados por familiares) e divulgado pelas redes sociais mensagens para tranquilizar a população.


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