A trajetória de Lilia Paoliello parecia certa já na sua juventude: de família de professores, aos 18 anos começou a dar aulas para crianças e poderia ter permanecido na profissão por toda a vida.
Mas Lilia bateu o pé e resolveu insistir no sonho de estudar medicina. Passou no vestibular e começou a dar aulas no turno da noite para jovens e adultos enquanto estudava de manhã e à tarde.
Lutou por anos para conciliar trabalho e estudos. O gosto por cuidar de crianças nunca a abandonou e Lilia se especializou em pediatria.
Trabalhou em postos de saúde em Santo André, na Grande São Paulo. Enfrentava traficantes e chefes de quadrilhas quando precisava entrar em favelas da região onde atendia como médica da família, conta Lilio, um de seus irmãos. "Nunca baixou a cabeça, sempre teve muita coragem", recorda-se.
Apaixonada por literatura, devorava um livro em poucos dias, diz o irmão.
Depois de se aposentar no ano passado e mesmo com pouca destreza manual, Lilia passava horas tricotando roupas para sua primeira neta, Martina, ansiosa que estava por vê-la nascer.
Mas Martina não chegou a conhecer a avó, que tinha uma doença autoimune e morreu, aos 67 anos, no último dia 7, três dias antes da chegada da criança, após complicações de uma pneumonia, deixando três filhos, dois netos, irmãos e sobrinhos.
Uma missa de sétimo dia está marcada para esta segunda (13), às 19h, na Igreja Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, em Perdizes, zona oeste de São Paulo.
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Lilia Aparecida Paoliello do Amaral (1949-2017), com a filha e seu neto |
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