Folha de S. Paulo


Moacyr de Carvalho Dias (1920-2017)

Mortes: Seu Xixo e o famoso requeijão cremoso de copo

Quando ouviu do pai que devia deixar a mina de zircônio da família para cuidar da empresa de laticínios, Moacyr não gostou muito da ideia. Com apenas 22 anos, achava que estava trocando o trabalho pesado para cuidar de meia dúzia de funcionários. Dizia que deixaria de ser mineiro para se tornar leiteiro.

E no começo foi assim mesmo: uma produção insipiente de leite, entregue em carroças dentro dos limites da cidade mineira de Poços de Caldas.

Mas logo apareceu o lado empreendedor de Xixo –apelido que Moacyr ganhou ainda pequeno de um dos irmãos. Comprou um caminhãozinho, assumiu entregas mais distantes, se consolidou no mercado de queijos e criou o até hoje famoso requeijão cremoso.

"Foi um processo difícil. Tinha que sair para comprar embalagem em São Paulo no meio da noite, revestir a Kombi com isopor porque não tinha carro com refrigeração", conta o filho, Marcos.

Até então, o requeijão era vendido em tabletes, como os de manteiga, mas após um longo processo de testes, contados um a um, Xixo conseguiu na receita de número 606 o ponto e o gosto para que assumissem os copos de vidro.

Depois veio o ensacamento de leite –novidade no Brasil– e os iogurtes de frutas, já em parceria com a Danone, que nos anos 1990 comprou a Laticínios Poços de Caldas.

Seu Xixo, porém, não parava, e acabou transformando –talvez por acidente– o hobbie de criar aves em um novo negócio. Deixou o criadouro com mais de 3.500 aves quando morreu, no dia 29, aos 96 anos, por insuficiência renal. Deixa a mulher, Lília, cinco filhos, 13 netos e 25 bisnetos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

-

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missas


Endereço da página:

Links no texto: