Folha de S. Paulo


Aliados 'incertos', vereadores desafiam novos prefeitos, que pregaram cortes

Denny Cesare/Codigo19/Folhapress
CAMPINAS, SP 29.11.2016-PREFEITOS - Governador Geraldo Alckmin e Joao Doria prefeito de Sao Paulo, Marcelo Crivella (PRB), prefeito eleito da cidade do Rio de Janeiro, durante 70º Reunião da Frente Nacional de Prefeitos, realizada nesta terça-feira (29) no Hotel Vitória na cidade de Campinas, interior de São Paulo. (Foto: Denny Cesare/Codigo19) *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
João Doria, prefeito de São Paulo é abraçado pelo prefeito do Rio, Marcelo Crivella

Depois de anunciar cortes de secretarias nas administrações, novos prefeitos de capitais iniciaram o mandato com bases aliadas incertas nas Câmaras Municipais.

Eleitos em coligações enxutas, com entre três e sete partidos, os prefeitos de Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba terão que negociar com vereadores eleitos por outras chapas para obter ampla maioria. Os quatro prefeitos têm perfil parecido: foram eleitos com um discurso de oposição às gestões anteriores e anunciaram cortes na máquina pública. Por isso, terão pouca margem para negociar cargos em troca em apoio.

O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Junior (PSDB) chega ao cargo com uma bancada de 11 vereadores na base e 7 na oposição. Terá que conquistar o apoio de outros 18 vereadores para construir maioria simples, atraindo partidos como PSB e DEM, que apoiaram Sebastião Melo (PMDB), seu adversário no segundo turno.

"O prefeito tem sido claro que não vai trocar secretarias por apoio. A ideia é conquistar os indecisos e independentes com as nossas propostas", afirma Kevin Krieger (PP), secretário de Relações Institucionais de Marchezan.

Em situação mais confortável, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), deve ter uma base com 38 dos 51 vereadores e uma oposição firme de 8 vereadores do PSOL e PT. Principal alvo das críticas de Crivella na campanha, o PMDB vai apoiar o novo prefeito com seus dez vereadores. Já o DEM, com quatro nomes, anunciou independência, assim como o vereador eleito pelo Partido Novo.

NOVAS CÂMARAS - Prefeitos terão que negociar para ampliar base no Legislativo

Mesmo sendo maioria, a base de Crivella ainda é menor que a do prefeito Eduardo Paes (PMDB), que chegou a ter 44 vereadores. O prefeito cortou o número de secretarias de 24 para 12 e contemplou apenas o núcleo de partidos mais próximo.

"O desafio é mudar o paradigma. Não vamos contemplar os vereadores com cargos, mas vamos trabalhar para atender as demandas deles, com obras nas suas comunidades, por exemplo", diz o vereador Paulo Messina (Pros), líder de Crivella na Câmara.

Em Belo Horizonte, o prefeito Alexandre Kalil (PHS) saiu das urnas com uma base formada por apenas 8 dos 41 vereadores. No seu primeiro teste, a disputa pela presidência da Câmara, foi derrotado: o candidato apoiado pelo prefeito, Dr. Nilton (Pros), teve o voto de 15 dos 41 vereadores e foi derrotado pelo adversário Henrique Braga (PSDB).

Apesar da derrota, membros da articulação política do prefeito estimam que ele consiga uma base de pelo menos 25 vereadores. Até o momento, nenhum vereador anunciou oposição sistemática.

Sem uma base consolidada, Kalil costura uma solução "mineira" para garantir governabilidade. Montou um secretariado com nomes ligados ao PSDB do senador Aécio Neves, ao PT do governador Fernando Pimentel e ao PSB do antecessor Márcio Lacerda.

O prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PMN), também terá que negociar para obter maioria na Câmara –saiu das urnas com 17 dos 38 vereadores na base e três na oposição.

Os dez vereadores que apoiaram Ney Levrevost (PSD) formarão um bloco independente. Os oito vereadores de PDT, PV e PPS, que apoiaram o ex-prefeito Gustavo Fruet (PDT), também não devem aderir de imediato.

REELEITOS

Na contramão dos gestores que estreiam em 2017, os prefeitos reeleitos de capitais do Norte e do Nordeste terão base igual ou maior do que na legislatura anterior.

Em Salvador, o prefeito ACM Neto (DEM) terá uma base com 31 vereadores contra os 29 da legislatura passada. Para atender aliados, aumentou a máquina administrativa: o número de secretarias cresceu de 15 para 17.

No Recife, o prefeito Geraldo Júlio (PSB) manterá uma base com 30 dos 39 vereadores. Mas, na contramão do colega baiano, cortou o número de secretarias de 24 para 15.


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