Tudo começou em uma conversa de barbearia. Isaias, com apenas 17 anos, se queixava do trabalho na fábrica da Embraer. O problema não era o serviço, era o lugar fechado. Veio então a sugestão: já pensou em ser cabeleireiro?
Foi assim que o rapaz começou na carreira que o deixou conhecido em São José dos Campos, no interior paulista. Ganhou do barbeiro e amigo Jorginho um kit com tesoura, pente, secador e navalha. O suficiente para iniciar o curso de cabeleireiro.
Em dois meses, abriu o próprio salão e acabou rebatizado. "Isaias não serve para cabeleireiro, é mais nome de pastor", dizia um amigo. Jaks foi então o apelido escolhido.
Já com o nome certo, mostrou que tinha jeito para o comércio. O talento não estava só na tesoura, mas também nas conversas. Extrovertido, atraía a freguesia com piadas, histórias da família e da cidade mineira de Conceição dos Ouros, que deixou aos 15 anos.
Com o tempo, trouxe os irmãos, um por um, para São José do Campos e para seu salão. Juntos, eram cinco irmãos cabeleireiros –apenas os dois mais novos ficaram em Minas.
No interior paulista, recordavam a cidade natal nas modas de viola. Pedida certa nos encontros de família e até em bares da cidade, sempre no improviso, nunca envolvendo dinheiro na brincadeira.
O mesmo acontecia quando encarnava a dupla de palhaços "Marmita e Marmota" com um primo. Arriscava em festinhas infantis e eventos da cidade, sempre terminando com uma palhinha no violão.
Cardíaco, morreu no dia 19, aos 55, após um infarto. Deixa cinco filhos, seis irmãos, além de primos e amigos.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
-