Folha de S. Paulo


Mais de 150 presos fogem após rebelião em presídio de Bauru (SP)

Divulgação
Detentos fogem após rebelião em penitenciária de Bauru, no interior paulista
Detentos fogem após rebelião em penitenciária de Bauru, no interior paulista

Presos de uma unidade de regime semiaberto fizeram uma rebelião na manhã desta terça (24) no CPP (Centro de Progressão Penitenciária) de Bauru, que resultou em fuga em massa e pânico na cidade do interior de São Paulo, com fechamento de comércio, escolas e órgãos públicos.

Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária da gestão Geraldo Alckmin (PSDB), 152 presos fugiram no motim, dos quais 100 haviam sido recapturados até a noite.

O tumulto começou por volta das 8h30 durante revista de rotina. O estopim, diz a pasta, foi quando um agente penitenciário surpreendeu um dos presos com um celular.

Os detentos incendiaram colchões e parte da unidade e começaram a escapar. Por ser em regime semiaberto, ela não conta com muralhas nem segurança armada, sendo cercada só por alambrados.

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Detentos fogem após rebelião em penitenciária de Bauru, no interior paulista
Detentos fogem após rebelião em penitenciária de Bauru, no interior paulista

O Estado diz que a situação dentro do presídio foi controlada em seguida. Com capacidade para 1.124 detentos, ele abrigava 1.430 –no semiaberto, detentos podem sair para trabalhar de dia, mas precisam retornar à noite.

A polícia nega haver domínio do PCC (Primeiro Comando da Capital) na prisão –versão contestada pelo Sindcop (sindicato dos servidores penitenciários), para quem a facção domina a unidade.

O governo procura desvincular esse episódio da guerra entre facções que levou a massacres no Amazonas, Roraima e Rio Grande do Norte.

"O que aconteceu em Bauru não tem nenhuma relação com a crise penitenciária que estamos vivendo em parte do país", disse Mágino Alves Barbosa Filho, secretário da Segurança de Alckmin.

O Estado diz que os presos envolvidos regredirão ao regime fechado. A polícia diz que identificou dez líderes do motim, que serão transferidos para a penitenciária de Álvaro de Carvalho (SP), a 100 km.

Onde fica CPP de Bauru

INSEGURANÇA

Com a fuga em massa, a Prefeitura de Bauru fechou as portas de todos os equipamentos municipais, com exceção das unidades de saúde, "por medida de segurança". Diz que que seguiu orientação do comando da PM.

Às 14h, os órgãos da prefeitura reabriram para atendimento ao público. Agências bancárias do centro também fecharam as portas.

Assim que boatos sobre assaltos a lojas começaram a se espalhar em redes sociais, a região do calçadão da Batista de Carvalho, centro comercial, ficou quase deserta. "A gente achou melhor, por precaução, fechar as portas", afirmou Aldemiro José Alves, diretor da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Bauru.

Rebelião no CPP de Bauru

"Não vi policiais na rua e fiquei com medo. Vamos esperar saber dos recapturados", disse Rafael Cavaca, dono de uma loja na zona sul.

Jhonatan Matheus, que trabalha numa indústria de joias, evitou ir ao centro da cidade na hora do almoço. A empresa em que trabalha tem uma loja que nem foi aberta.
O estudante Caio Pantaleão só foi autorizado a deixar a escola particular na companhia da sua mãe, às 11h45. Normalmente ele vai e volta para casa sozinho e de ônibus.

Cláudio Oliveira deixou os pais Inez, 68, e Geraldo, 76, de sobreaviso para que não abrissem a porta. Ele foi ao centro comprar um celular, mas a loja estava fechada. "Deixei meus pais trancados."


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