Folha de S. Paulo


Sérgio Cascapera (1955-2017)

Mortes: O bem-humorado propagador do trompete

Reprodução/Facebook
Sérgio Cascapera (1955-2017)
Sérgio Cascapera (1955-2017)

Certa vez, o trompetista Sérgio Cascapera foi para a Rússia acompanhar o maestro Júlio Medaglia em uma seleção de músicos. Lá, foi a um bar e pediu uma cerveja bem gelada. O homem que o atendeu pegou a garrafa, em temperatura ambiente, e a colocou do lado de fora da janela.

Anedotas como essa eram comuns em seu repertório. Crescido em uma família de músicos, com bisavô e avô violinistas, aprendeu a tocar o trompete com o pai. Aos 11, no entanto, perderia seu mentor para uma leucemia.

Sem renda para sustentar os estudos, o jovem ganhou uma bolsa do colégio, condicionada a sua participação na banda da escola.

O constante aperfeiçoamento que a carreira exige o levou à Osesp, onde tocou por 17 anos sob a batuta de Eleazar de Carvalho. Quando passou a ensinar o instrumento, notou que o país era carente de material didático em português.

Escreveu então um livro, "Método Elementar para Trompete", e gravou uma videoaula em que, segundo sua própria descrição, procura explicar e solucionar problemas no ensino básico do instrumento. Nos últimos 27 anos, foi professor de trompete na USP e formou diversos músicos.

Com opiniões firmes, estava sempre disposto a ensinar. Ajudava quem precisasse, sem esperar algo em troca. Morreu na última terça (17), após sofrer um infarto em Poços de Caldas (MG), onde estava, como de costume, ensinando –era o professor de trompete no Festival Música nas Montanhas.

Cascapera deixa os filhos David e Laura, além das inúmeras sementes espalhadas por orquestras mundo afora.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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