Folha de S. Paulo


Integrantes do MTST ocupam prédio da CDHU no centro de São Paulo

Rogerio Cavalheiro/Futura Press/Folhapress
Integrantes do MTST ocupam sede da Secretaria do Estado da Habitação
Integrantes do MTST ocupam sede da Secretaria do Estado da Habitação

Integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) ocuparam na manhã desta quinta-feira (19) parte do prédio da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), na região central de São Paulo.

A Polícia Militar informou que o grupo se reuniu por volta das 9h na praça da Sé e, depois, caminhou até a rua da Boa Vista, onde fica a Secretaria do Estado da Habitação. Organizadores da manifestação afirmam que ao menos 1.500 pessoas participam do ato. A PM não informou número de manifestantes.

Michel Nabarro, militante do MTST, afirmou que o movimento reivindica a regularização de terrenos ocupados para que possam ser destinados a moradia, além da participação do movimento em reuniões de conciliação com os proprietários dos terrenos.

"Também iremos cobrar o cumprimento dos compromissos pendentes com secretaria de Habitação dos projetos habitacionais do movimento, como o Roque Valente, em Embu das Artes, Oziel Alves, em Mauá, e as demandas da ocupação Povo Sem Medo do Embu e Povo Sem Medo do Capão, zona sul de São Paulo", disse o militante.

Por volta das 14h20, a PM afirmou que os manifestantes já haviam deixado às dependências da CDHU e liberado a rua.

A Secretária do Estado da Habitação afirmou que recebeu no começo da tarde desta quinta (19) uma comissão do MTST para tratar das solicitações do movimento.

De acordo com a pasta, o secretário Rodrigo Garcia conversou com os manifestante e reafirmou o compromisso do governador Geraldo Alckmin (PSDB) de manter o programa Casa Paulista, com aportes ao programa Minha Casa Minha Vida. Além disso, Garcia afirmou que o governo dará andamento aos pedidos relacionados a projetos que já eram discutidos com a entidade.

"Cabe salientar que houve um aumento de 37,8% de moradias entregues no ano passado no Estado, em comparação com 2015, mesmo com a crise econômica", afirmou Garcia. A secretaria disse ainda que mantém diálogo aberto e constante com as entidades de habitação.

Em evento sobre acessibilidade na prefeitura na tarde desta quinta-feira, o prefeito João Doria (PSDB) afirmou que manterá diálogo com o MTST.

"Apesar de reprovar algumas iniciativas, nós não rompemos o diálogo nem vamos romper", disse Doria.

Ele afirmou que não entendeu o ato na CDHU como uma invasão, mas como uma breve manifestação.

CONTRA REINTEGRAÇÃO

Segundo o movimento, o ato também é uma resposta à reintegração de posse de um terreno, denominado Colonial, na zona leste de São Paulo, onde cerca de 700 famílias ocupavam irregularmente a área. Durante a reintegração de posse houve confronto entre a polícia e as famílias do terreno ocupado.

O líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-teto), Guilherme Boulos, foi detido durante a reintegração e levado no 49º DP (São Mateus). O boletim de ocorrência foi registrado sob acusação de resistência, e cita a chamada teoria do domínio do fato. Por ela, a pessoa pode ser responsabilizada não só pelos seus atos, mas também por atos sob sua influência.

"Verifica-se que por possuir toda essa representatividade, poderia sim Guilherme, se fosse de seu interesse, senão impedido, ao menos minorado a reação de manifestantes contra agentes do Estado", diz o boletim de ocorrência. Segundo o documento, a doutrina jurídica tem "modernamente" adotado a teoria do domínio do fato em situações como a de Boulos.

Bruno Santos/Folhapress
Coordenador do MTST, Guilherme Boulos, em delegacia após ser detido durante uma reintegração de posse em São Mateus
Coordenador do MTST, Guilherme Boulos, em delegacia após ser detido durante reintegração

O coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos, nega ter cometido ou incitado atos violentos e diz que o movimento foi à invasão buscar uma saída negociada e pacífica.

Em entrevista, ele afirma ainda que o policial responsável por sua detenção citou a participação dele em protesto diante da casa do presidente Michel Temer (PMDB).


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